O 'sim' que abalou a Europa, derrubou Cameron e afundou bolsas

Os britânicos decidiram hoje que o Reino Unido vai sair da União Europeia, depois de o Brexit ter conquistado 51,9% dos votos no referendo, que já levou o primeiro-ministro a anunciar a intenção de se demitir.

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Lusa
24/06/2016 13:53 ‧ 24/06/2016 por Lusa

Mundo

Síntese

Segundo os resultados finais do referendo de quinta-feira, os defensores da saída do Reino Unido do bloco europeu tiveram 17,41 milhões de votos, segundo dados divulgados no portal da BBC, após ter terminado o apuramento em todos os 382 círculos eleitorais.

Já os partidários da permanência do Reino Unido na União Europeia obtiveram 16,14 milhões de votos. A taxa de participação no referendo foi de 72,2%.

Na sequência deste resultado, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou a intenção de se demitir em outubro. "Os britânicos tomaram uma decisão clara (...) e penso que o país precisa de um novo líder para tomar essa direção", disse David Cameron, que fez campanha pela permanência do Reino Unido na UE.

O primeiro-ministro britânico precisou que se manterá no cargo até ao outono e disse que um novo líder do Partido Conservador será escolhido no congresso previsto para outubro.

Antes deste anúncio, o líder do eurocético Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), Nigel Farage, tinha pedido a demissão do primeiro-ministro e a formação de um "Governo Brexit" para preparar a saída do país da União Europeia.

Os resultados do referendo levaram também o partido Sinn Féin a defender uma votação na Irlanda do Norte sobre a unificação com a República da Irlanda enquanto a primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, anunciou que a Escócia vê o seu futuro como "parte da União Europeia".

Entretanto, os presidentes das principais instituições europeias vão reunir-se hoje em Bruxelas para debaterem o resultado do referendo. Além dos presidentes da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, do Conselho Europeu, Donald Tusk, e do Parlamento Europeu, Martin Schulz, a reunião extraordinária de líderes europeus incluirá também Mark Rutte, primeiro-ministro holandês, por ser este o país que detém, até julho, a presidência rotativa da União Europeia.

Antes, o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, defendeu a necessidade de "estabilidade em tempos de turbulência". Já o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, garantiu que a decisão do Reino Unido não se reflete na Aliança Atlântica, onde Londres continua a ter um "papel de liderança" e o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, garantiu a determinação dos líderes europeus "em manter a unidade a 27".

Por sua vez, a chanceler alemã, Angela Merkel, convocou os líderes dos partidos com representação parlamentar para analisar as possíveis consequências do Brexit e o presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, afirmou que o seu executivo "toma nota com tristeza" da decisão dos britânicos.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, considerou que o resultado é um "assunto interno" do Reino Unido, enquanto o potencial candidato presidencial republicano à presidência dos EUA, Donald Trump, considerou "extraordinária" a vitória do Brexit por permitir ao povo britânico "recuperar o seu país".

De França, pela voz do ministro dos Negócios Estrangeiros, Jean-Marc Ayrault, chegou o lamento sobre a decisão "triste" do Reino Unido, dizendo que a Europa tem de reconquistar a confiança das pessoas. Enquanto a líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, pediu a realização de um referendo semelhante ao do Reino Unido em França.

Também o ministro dos Negócios Estrangeiros português lamentou profundamente a decisão do Reino Unido, considerando que "é um dia triste", reiterando que os interesses das comunidades portuguesas serão "protegidos e defendidos". Já o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que o projeto europeu se mantém válido sem o Reino Unido, mas defendeu que os ideais que estão no cerne da sua construção precisam de ser "repensados e reforçados".

Brexit deixa bolsas no vermelho

O resultado do referendo levou as principais bolsas europeias a abrir em forte queda depois de conhecido o resultado, com os principais bancos em Londres a cair 30%.

Em Londres, o Royal Bank of Scotland (RBS), Barclays e o Lloyds Banking Group, 'afundaram-se' 30%, depois da abertura da bolsa a descer perto dos 8%, com o índice londrino a cair 7,94%, para os 5.840 pontos.

Também o preço do barril de petróleo Brent caiu hoje 6,5% e situou-se abaixo dos 47,50 dólares por barril a meio do dia em Singapura.

Entretanto, o governador do Banco de Inglaterra (BoE), Mark Carney, declarou que a instituição está pronta para injetar 250 mil milhões de libras esterlinas (326 mil milhões de euros) de fundos adicionais.

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