Denis Mukwege é apontado como um dos candidatos ao Nobel da Paz, conta a NPR. Entre 1999 e 2015, o médico congolês já tratou juntamente com os seus colegas no hospital Panzi pelo menos 45 mil vítimas de violações.
Deste número, cerca de 35 mil – desde crianças a pessoas idosas – sofreram graves ferimentos ginecológicos, provocados por elementos de grupos rebeldes congoleses. O trabalho deste médico já lhe valeu um documentário, ‘The Men Who Mends Women: The Wrath of Hippocrates’ e esta já é a terceira vez que o seu nome surge entre os apontados ao Nobel da Paz.
Quando abriu o hospital em 1999, a sua intenção inicial era conseguir diminuir as taxas de mortalidade maternais em Bukavu, no Congo. Contudo, não demorou até o seu percurso começar a mudar.
“A nossa primeira paciente não tinha vindo ao nosso encontro para ter um filho. Ela tinha sido violada com extrema violência”, disse, num discurso na Coreia, onde foi premiado com o Prémio da Paz de Seul.
Aos poucos, o hospital foi crescendo e tornou-se numa fundação internacional que ajuda vítimas de violação. “Aquilo que faço realmente não passa apenas por tratar as mulheres, os seus corpos. Ajudo-as a lutarem pelos seus direitos, a tornarem-se autónomas. E, claro, damos apoio psicológico. Tudo isto é um processo que lhes permite voltar a recuperar a sua dignidade”, esclareceu.
O modelo aplicado pelo hospital de Panzi baseia-se em cinco pilares: tratamento médico, terapia psicológica, apoio sócio-económico, reintegração na comunidade e assistência legal.
O vencedor do Nobel da Paz será anunciado esta sexta-feira, dia sete de outubro, às 11h da manhã.
