"A Holanda é como um condensado do que se passa em muitos países europeus. Há uma grande preocupação relativamente aos fluxos migratórios e ao islamismo radical. Mas há fraturas cada vez mais nítidas nos países europeus com parte da população a rejeitar um certo "esquerdismo cultural" que recusava olhar para os desafios colocados pelo islamismo", considerou.
O autor de 'La France morcelée' ('A França fragmentada', 2008) defendeu que a subida do partido de extrema-direita francês Frente Nacional resulta da existência de "duas Franças" entre as quais há "uma fratura nítida": uma parte da população quer "o regresso nostálgico a uma sociedade antiga" e outra não enfrenta "os novos desafios do islamismo".
"Não se pode simplesmente condenar os eleitores, como uma parte da esquerda tem feito há anos. Isso já não funciona. A denúncia moral da extrema-direita ou do populismo não impediu a subida destas forças", argumentou o autor do livro "Le Malaise dans la Démocratie" ("O Mal-Estar na Democracia", 2016).
Jean-Pierre Le Goff não ficou surpreendido com a vitória do partido liberal liderado pelo primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, porque "ele reagiu com firmeza às declarações incendiárias do presidente turco, não cedendo à pressão e à chantagem", algo que "é muito importante numa altura em que a Europa aparece como mole".
O sociólogo considerou que é impossível prever o resultado das presidenciais em França face a uma campanha "tão louca", mas recordou que "houve já o fenómeno Trump quando todos diziam que ia perder, o que já remetia para a negação de certas realidades e mentalidades das camadas populares".
A 23 de abril e 07 de maio, a França vai ter eleições presidenciais, nas quais se espera uma forte presença da candidata da extrema-direita Marine Le Pen, que quer deixar a União Europeia e reduzir fortemente a imigração.
Le Pen apoiou, na véspera das eleições holandesas, o Partido da Liberdade, classificando Wilders como "um patriota".
O partido VVD, liderado pelo primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, venceu as eleições de quarta-feira, ao conquistar 33 assentos, com 94,3% dos votos contados.
O PVV de Geert Wilders obteve 20 (15 na anterior legislatura), enquanto o Apelo Democrata Cristão conseguiu 19 deputados), como o partido Democracia D66.