O ataque surge na sequência do bombardeamento com armas químicas contra uma localidade no norte da Síria, que matou mais de 80 civis na terça-feira, noticiou a imprensa norte-americana.
Dezenas de mísseis 'Tomahawk' foram disparados contra a base aérea de Shayrat, na cidade síria de Homs, de onde o Governo norte-americano acredita que partiram os caças que executaram ataques aéreos, de acordo com fontes militares.
"Uma das nossas bases aéreas no centro do país foi visada ao amanhecer por um míssil disparado pelos Estados Unidos, que causou perdas", disse fonte militar síria citada pela televisão estatal iraniana.
"Há mártires, mas ainda não temos o balanço, nem de mortos, nem de feridos", disse à agência noticiosa France Presse (AFP) o governador de Homs, Talal Barazi, nas horas que se seguiram ao ataque. Mais tarde, avançou com um primeiro balanço: há cinco mortos (três militares e dois civis) e sete feridos.
Já o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH, oposição), com sede em Londres, disse que o ataque matou quatro soldados, incluindo um general.
Nas primeiras horas, as reações
Pouco havia passado desde o bombardeamento que visou as forças leais ao regime de Bashar al-Assad e já a oposição se havia manifestado com palavras de saudação.
"A coligação da oposição saúda o ataque e pede a Washington que neutralize a capacidade [do Presidente síro, Bashar al-] Assad de realizar bombardeamentos. Esperamos que os ataques continuem", indicou à agência noticiosa France Presse (AFP) o porta-voz Ahmad Ramadan.
Também do Reino Unido chegaram palavras de louvor. O Governo britânico "apoia plenamente a ação dos Estados Unidos". Estes ataques são "uma resposta apropriada ao ataque bárbaro com armas químicas realizado pelo regime sírio", afirmou o porta-voz do Governo de Theresa May.
Aplausos também por parte de Israel, Arábia Saudita e Austrália, que dizem apoiar totalmente a ação dos Estados Unidos como retaliação pelo ataque químico atribuído ao regime sírio.
Da Alemanha não se ouviu um aplauso explícito, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão admitiu considerar "compreensível" a reação dos Estados Unidos tendo em conta a incapacidade do Conselho de Segurança das Nações Unidas em reagir" de forma "clara" à utilização "bárbara" de armas químicas.
Em tom mais crítico reagiu a China, com a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros a pedir que seja evitada uma "nova deterioração da situação" na Síria.
As motivações do ataque
O Governo de Donald Trump tomou medidas de forma unilateral contra o Governo sírio, que acusa de uso de armas químicas, apesar de conversações estarem a decorrer no Conselho de Segurança da ONU.
Minutos antes da ofensiva norte-americana, a Rússia tinha advertido os Estados Unidos contra "consequências negativas" de uma ação militar na Síria em resposta ao ataque químico.
"Há que pensar nas consequências negativas. Toda a responsabilidade, se houver uma ação militar, estará sobre os ombros daqueles que a iniciarem", disse aos jornalistas o embaixador russo na ONU, Vladimir Safronkov.
Já após o ataque o presidente russo fez saber que classifica a ação como uma "agressão contra um Estado soberano e uma violação do direito internacional" com um "pretexto inventado", que prejudica as relações entre os dois países.
Os Estados Unidos, por sua vez, contrapõem dizendo que a Rússia "falhou na sua responsabilidade" de cumprir um acordo de 2013 para destruir o arsenal de armas químicas da Síria. Ou a Rússia tem sido cúmplice, ou a Rússia tem sido simplesmente incompetente na sua capacidade de apresentar resultados", afirmou o secretário de Estado Rex Tillerson.
Na ONU, os membros do Conselho de Segurança continuam a negociar uma resolução em resposta ao ataque químico, mas até agora o grupo continua muito dividido.
A representante norte-americana, Nikki Haley, já tinha alertado, no dia anterior, que Washington podia tomar algum tipo de medida unilateral se o Conselho de Segurança continuasse bloqueado.
[Notícia atualizada às 9h05]