ONU encontra arsenais do Hezbollah abandonados no sul do Líbano

 A Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Finul) disse esta segunda-feira à Lusa que encontrou "várias centenas" de depósitos de armas no sul do Líbano.

Notícia

© Karamallah Daher/Reuters

Lusa
14/04/2025 20:21 ‧ ontem por Lusa

Mundo

ONU

"Temos estado a encontrar, a par com o exército libanês, um grande número de depósitos de armas e túneis em diferentes partes do sul do Líbano na nossa zona de operações", disse o porta-voz da Finul Andrea Tenenti.

 

Uma outra fonte da ONU, que pediu para não ser identificado, confirmou à Lusa que o grupo xiita libanês Hezbollah está a entregar as posições militares no sul do Líbano ao exército libanês, numa decisão surpreendente e inédita.

O grupo já transferiu pelo menos 190 de 256 postos militares na região sul para as mãos do exército libanês, de acordo declarações de um responsável do Hezbollah à imprensa local. 

A retirada do grupo apoiado pelo Irão estava prevista no acordo de cessar-fogo assinado em novembro com Israel. No entanto, a rendição militar do Hezbollah, considerado em tempos mais poderoso que o exército libanês, foi sempre considerada improvável.

Esta operação mostra o estatuto enfraquecido do grupo, numa altura em que o Hezbollah se vê quase abandonado pelo Irão, o aliado e financiador histórico, especialmente agora que Teerão tem interesses maiores a defender nas novas negociações com os Estados Unidos, no sábado.

A decisão surgiu ainda na sequência da visita, na semana passada, da vice-representante especial dos EUA para o Médio Oriente, Morgan Ortagus, a Beirute durante a qual afirmou que o Líbano não ia receber qualquer tipo de ajuda internacional, incluindo para a reconstrução, até que o Hezbollah entregasse as armas. 

A par do enfraquecimento do Hezbollah está também um reforço das forças militares libaneses e uma nova vontade política pelas mãos do novo governo reformista de Nawaf Salam e sobretudo pela presidência de Joseph Aoun, antigo chefe das forças armadas.

Tenenti disse à Lusa que, apesar do exército libanês ter estado sempre presente no sul do Líbano, a "situação politicamente era muito diferente", descrevendo agora um verdadeiro empenho para recuperar a soberania do Estado na região, com mais de 300 operações realizadas diariamente.

"Podemos dizer que agora vemos as autoridades libaneses, sob o novo Presidente e primeiro-ministro, e o exército libanês 100% dedicados a implementar a resolução 1701 [que prevê a retirada do Hezbollah do sul do Libano]", disse.

Enquanto isso, as forças israelitas continuam a violar o acordo de cessar-fogo através de bombardeamentos e da ocupação de parte do território libanês.

Na segunda-feira, o Presidente libanês afirmou que "a decisão de limitar as armas ao Estado foi tomada" e que "estão a ser trocadas mensagens com o Hezbollah para tratar da questão do monopólio estatal das armas". 

O deputado do Hezbollah, Ali Fayyad, também afirmou que o grupo está pronto para apoiar reformas, uma marcada mudança de estratégia, confirmando que o movimento tenta reposicionar-se como um aliado do governo reformista numa aparente tentativa de manter a presença na política interna.

Leia Também: ONU pede ajuda perante 60 mil deslocados e toneladas de escombros

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas