As vítimas o fenómeno DANA, que afetou a região de Valência, Espanha, em outubro do ano passado, querem poder reunir-se com a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, quando a responsável europeia visitar a cidade para o Congresso do Partido Popular Europeu, nos dias 29 e 30 de abril.
Duas associações que representam as vítimas já avançaram com um pedido por carta.
"Escrevemos-lhe com pesar, como vítimas, como famílias mas, sobretudo, como cidadãos europeus. Nesse dia, as chuvas torrenciais assolaram a nossa terra. No entanto, é importante deixar claro que os mortos e feridos não se deveram apenas à força da tempestade, mas também à negligência com que a situação foi gerida. Os sistemas de prevenção, coordenação e alerta precoce falharam", pode ler-se na carta das associações que representam as vítimas, citada pelo canal de televisão espanhol Telecinco.
Referem também que "não estamos no século XIX" e que, por os meios não terem sido "ativados a tempo nem de forma adequada", é que hoje lamentam as 228 mortes, centenas de feridos e uma "sociedade profundamente abalada".
"Vimos casas, carros, vizinhos e entes queridos serem arrastados pelas águas. Ninguém nos avisou da subida do rio. Muitas coisas correram mal nesse dia. E também nos dias que se seguiram, quando apenas uma legião de voluntários se mobilizou para ajudar. Ninguém assumiu a responsabilidade", acrescentaram.
A organização não-governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional disse este mês que a "resposta negligente" das autoridades nas inundações em Espanha de 29 de outubro vulneraram o direito à vida e à integridade física das populações.
A investigação realça, por outro lado, "a falta de coordenação" entre os diferentes níveis de governo (local, autonómico e central) nos primeiros dias após as inundações e "a falta de um foco baseado nos direitos humanos, contando com a participação efetiva das vítimas", o que "contribuiu para uma sensação de abandono" das populações.
Nas conclusões do relatório, a Amnistia Internacional deixa 14 recomendações aos governos regional e central, ao Ministério Público e aos municípios.
Entre essas recomendações estão a promoção de investigações penais sobre as cheias de 29 de outubro, a revisão dos sistemas de comunicação e avisos à população ou o desenvolvimento de "planos de formação em emergências".
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