O governo espanhol e o Tribunal Constitucional do país consideraram ilegal a realização da consulta popular nos termos propostos pelo governo catalão, uma vez que a Lei Fundamental espanhola apenas permite referendos abertos à participação de todos os espanhóis.
Puigdement, que insistiu em avançar com o referendo apesar das sucessivas decisões contra, da justiça, defende agora uma mediação para o conflito, mas sem indicar qualquer instituição.
"Nós devemos exprimir uma vontade clara de dispor de uma mediação seja qual for o cenário, quer ganhe o sim ou o não", declarou o presidente do Governo à agência francesa AFP.
Apesar de não referir especificamente qualquer instituição, o destinatário da mensagem parece ser a União Europeia (UE).
"Quem aceitar a responsabilidade por esta mediação sabe que pode contar com a vontade da parte catalã de participar e dialogar... E a partir desse momento seria lógico uma atitude ativa de acompanhamento e de interesse por parte da União Europeia", acrescentou.
No domingo, disse Puigdement, "o que não vai acontecer é irmos todos para casa e renunciar aos nossos direitos... o governo tudo fez para que tudo se desenrole de forma normal".
Carles Puigdemont apelou aos catalães para que evitem todas as formas de violência.
Na mesma entrevista, Puigdemont reiterou que continua disposto a renunciar a este escrutínio considerado ilegal pela justiça, caso o governo de Mariano Rajoy (PP, direita conservadora) aceite abrir negociações que permitam um referendo legal.
No entanto, no passado, o governo regional catalão deixou claro que só aceita um referendo com votantes catalães, algo que a Constituição espanhola proíbe expressamente. Ou seja, qualquer discussão teria de começar numa revisão constitucional, algo que requer uma maioria de dois terços no parlamento.
"Se o Estado espanhol disser 'vamos pôr-nos de acordo quanto a um referendo'... nós paramos já aqui. Evidentemente que esta é a via que todos os catalães apoiam", salientou Carles Puigdemont.