O regime sírio de Bashar al-Assad está a ser acusado de ter utilizado gás de cloro nos bombardeamentos do último domingo na localidade de Shyfuniat, em Ghouta Oriental.
Segundo as forças de defesa civil da Síria, conhecidas como Capacetes Brancos, pelo menos uma criança morreu sufocada, tendo outros dois civis sido assistidos em circunstâncias semelhantes. Os sintomas apresentados, entre eles irritação da pele e dos olhos, falta de ar ou tonturas, “coincidem com a exposição a gás de cloro tóxico”.
A Al Jazeera, que cita fonte dos rebeldes em Ghouta, diz que pelo menos 18 pessoas foram hospitalizadas, apresentando dificuldades de respiração.
Following a Regime chlorine gas attack in #Shyfuniat city in #EasternGhouta, one child was killed and widespread suffocation occurred among civilians including 2 @SyriaCivilDefe volunteers. #SaveGhouta pic.twitter.com/W2n10KGfbf
— The White Helmets (@SyriaCivilDef) February 25, 2018
Esta segunda-feira, pelo menos dez civis morreram nos bombardeamentos de Damasco contra Ghouta Oriental, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, uma organização não-governamental com sede em Londres.
As denúncias contra o regime sírio de Bashar al-Assad surgem depois de, no sábado, o Conselho de Segurança das Nações Unidas ter aprovado um cessar-fogo de 30 dias na Síria “para uma pausa humanitária duradoura", que permita a entrada de ajuda humanitária e a retirada de feridos graves, sobretudo em Ghouta, um dos redutos das forças anti-regime, que tem sido bombardeada intensamente nas últimas semanas.
#SOHR More casualties in the aerial and missile bombardment on the Eastern #Ghouta today, Sunday, raise the death toll to 14 half of them are children and women https://t.co/pnQsZVZj8K
— #المرصدالسوري #SOHR (@syriahr) February 25, 2018
Apesar do cessar-fogo aprovado, o Observatório Sírio dos Direitos Humanos afirma que pelo menos 14 pessoas morreram no domingo, em ataques atribuídos ao regime de Assad.
A trégua acordada pelos membros do Conselho de Segurança excluiu os grupos terroristas Estado Islâmico e a antiga Frente al-Nusra, ligada à Al-Qaeda, uma condição fundamental para a Rússia, principal aliada de Damasco, aceitar o cessar fogo.
Ghouta é um dos principais redutos dos rebeldes anti-Assad na Síria, sendo controlada, em grande parte, por facções jihadistas, conhecidas como Hayat Tahrirar -al-Sham, da qual faz parte a al-Nusra, antigo braço da Al-Qaeda na Síria.
Devido à proximidade da capital e à sua localização estratégica, o regime sírio pretende conquistar rapidamente Ghouta Oriental, contando com o apoio russo. Desde 18 de fevereiro, diz o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, morreram pelo menos 521 pessoas em Ghouta, incluindo 131 crianças e 78 crianças.
"Inferno na terra tem de parar"
Esta segunda-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, voltou a apelar para o fim dos confrontos na Síria, considerando que "o inferno na terra tem de parar".
"Ghouta Oriental não pode esperar, este inferno na Terra tem de parar", disse Guterres. Já o responsável pelos Direitos Humanos das Nações Unidas, Zeid Ra‘ad al-Hussein, denunciou os bombardeamentos que, apesar do cessar-fogo, continuam na Síria.
Nesse sentido, a ONU apela a que o acordo estabelecido no sábado seja cumprido. As agências de ajuda humanitária estão prontas a entrar em Ghouta Oriental, onde cerca de 400 mil pessoas vivem cercadas pelos bombardeamentos do regime.
"Eu espero que a resolução seja imediatamente aplicada, para que os serviços humanitários possam atuar de imediato", apelou ainda António Guterres.
[Notícia atualizada às 09h17]