Durante a leitura da decisão judicial, o presidente do coletivo de juízes referiu que os arguidos mostraram "enorme frieza" e "forte intensidade na vontade criminosa".
Lembrando que os homicidas usaram uma camisola, almofada e um cinto para matar a vítima, que pela idade era completamente indefeso e vulnerável, o magistrado frisou que o crime foi de uma "grande violência", exigindo uma "elevadíssima necessidade de prevenção geral".
Em audiência, os arguidos tentaram sempre minimizar a sua atuação, considerou o juiz, acrescentando que as declarações não foram coincidentes.
Segundo a acusação, que foi dada como provada, a mulher, de 34 anos, desempregada, conhecia bem o idoso que, por vezes, a ajudava a pagar as contas.
Agindo com o propósito de lhe roubar objetos de valor e cartões bancários, sustenta o Ministério Público, a mulher e o rapaz de 26 anos entraram na casa do homem, que vivia sozinho, e agrediram-no violentamente, provocando-lhe graves lesões que lhe causaram a morte, refere.
Antes, os arguidos apropriaram-se de diversos objetos em ouro e prata, relógios e telemóveis, que depois venderam, e coagiram a vítima a fornecer-lhes os códigos dos cartões multibanco, tendo posteriormente feito 21 levantamentos num total de mais de 4.000 euros, salienta acusação.
O homem, morto a 11 de abril, só foi encontrado a 17 de abril, amarrado à cama, depois de familiares estranharem a sua falta de notícias.
No início do julgamento, em abril, a mulher confessou que planeou roubar a vítima porque precisava de dinheiro, mas que nunca teve intenção de matar, nem sequer de usar violência, imputando ao outro suspeito a autoria da morte.
A arguida explicou que, no dia do crime, foi a casa do idoso com o arguido e o filho menor, tendo o arguido levado uma faca, taco de basebol e arma sem ela saber. Depois de ameaçarem o homem, obrigaram-no a dar-lhes os códigos dos cartões do multibanco, tendo ela depois saído para confirmar se estavam certos.
No regresso, contou, o homem estava deitado no chão com marcas de sangue e, depois de a ameaçar que a ia denunciar, o coarguido amarrou-o à cama, bateu-lhe e sufocou-o com um cinto.
Apresentando uma versão diferente, o jovem revelou ter conhecido a mulher através do filho desta, de 14 anos, que lhe sugeriu assaltar a vítima mortal para lhe furtar dinheiro.
O ora condenado adiantou que no dia do crime foram os três a casa da vítima mortal e que, depois de revistarem a casa, a arguida apercebeu-se que o homem não tinha lá 5.000 euros, tal como suspeitava, e ficou "aflita, nervosa e alterada", tendo-o levado para o quarto, frisou.
"Enquanto mãe e filho ficaram no quarto com o homem, eu fui revistar a casa e quando voltei ao quarto ela estava sentada em cima de uma almofada na cara dele e com um cinto ao pescoço, que eu tirei para ver se respirava", relatou.
À saída do tribunal, a advogada da mulher não quis prestar declarações aos jornalistas.
Já a advogada do arguido, Teresa Paula Borges, considerou a pena de 24 anos excessiva, por isso, "muito provavelmente" irá recorrer.
Admitindo estar à espera de uma pena de 20 anos, Teresa Paula Borges entendeu que a violência resultou do momento e das circunstâncias.