'Coletes amarelos' portugueses querem "amplificar descontentamento"

A porta-voz do Movimento Coletes Amarelos Portugal (MCAP), Ana Vieira, disse hoje esperar o máximo de pessoas possível no protesto de sexta-feira, de modo a "amplificar o descontentamento" que considera existir entre a população.

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© Reuters

Lusa
19/12/2018 20:58 ‧ 19/12/2018 por Lusa

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MCAP

"Queremos juntar todas as vozes portuguesas. O que nós pretendemos com a nossa página é juntar o máximo de pessoas possível, para que todas tenham a sua voz. Amplificar o descontentamento da população que é real", referiu Ana Vieira, em declarações à agência Lusa.

Ana Vieira explicou que o objetivo principal do protesto é fazer com que os cidadãos portugueses sejam ouvidos pelos governantes, relatando que o MCAP ainda não foi contactado por qualquer membro do Governo.

A declaração da porta-voz surge após uma atualização do manifesto divulgado esta manhã, em que foram retirados os dados quantitativos das reivindicações, como o aumento do salário mínimo, uma decisão que, segundo Ana Vieira, foi tomada por unanimidade dos membros do movimento.

De momento, vários movimentos estão a convocar os cidadãos através da redes sociais para saírem à rua em vários pontos do país na próxima sexta-feira, tentando imitar o movimento dos "coletes amarelos" de França, mas sem violência.

"As nossas intenções é que tudo corra pacificamente e harmoniosamente. Vamos fazer de tudo para preservar essa intenção", contou.

Ana Vieira disse ainda que o Movimento Coletes Amarelos Portugal pretende fazer uma marcha entre o Marquês de Pombal e a Assembleia da República, em Lisboa, além das outras manifestações promovidas nas redes sociais.

"A concentração no Marquês de Pombal está marcada para às 07:00. A intenção é iniciar o passeio às 15:00, para dar tempo às pessoas que vêm de fora", rematou.

No manifesto, o grupo propõe uma redução de impostos na eletricidade, com incidência nas taxas de audiovisual e emissão de dióxido de carbono, uma diminuição do IVA e do IRC para as micro e pequenas empresas, bem como o fim do imposto sobre produtos petrolíferos e redução para metade do IVA sobre combustíveis.

Não tolerando qualquer ato de violência ou vandalismo, o movimento, que se intitula como "pacífico e apartidário", defende também o combate contra a corrupção.

A lista de reivindicações termina com a reforma do Serviço Nacional de Saúde, a revitalização dos setores primário e secundário e o direito à habitação e fim da crise imobiliária.

Os apelos aos protestos começaram a ser feitos por cidadãos anónimos da zona Oeste do país nas redes sociais, principalmente no Facebook, há cerca de três semanas.

Na terça-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sublinhou que "a situação em Portugal é diferente da situação em França".

A França, vincou, "teve sempre revoluções sangrentas. Portugal teve uma Revolução dos Cravos. Portanto, em Portugal, sabemos compreender que as razões de queixa e indignação e protesto devem ser expressas pacificamente".

"Uma coisa é a manifestação pacífica, que é timbre de Portugal, outra coisa é a violência que assistimos noutros países", acrescentou.

No início da semana, a GNR e PSP disseram à Lusa que estão a acompanhar o processo através de recolha de informação no terreno, pelas redes sociais e com os promotores das iniciativas para ter pessoal operacional caso seja necessário.

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