Portuguesa casada com jihadista acusa Governo de lhe virar as costas

Vânia Cherif está retida num campo da ONU, na Síria, há mais de um ano. O Ministério dos Negócios Estrangeiros admite que precisa de mais tempo para “ponderar” sobre caso.

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Natacha Nunes Costa
20/03/2019 13:20 ‧ 20/03/2019 por Natacha Nunes Costa

País

Daesh

A portuguesa Vânia Cherif, de 25 anos, casada com um militante do Daesh, com quem tem duas filhas, está retida há mais de um ano no Campo das Nações Unidas, na Síria, à espera que o Governo português dê autorização para que possa regressar a Portugal.

Depois de ter lançado ao Governo um pedido desesperado de ajuda, a mãe da jovem, Delfina Lopes, tentou falar com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Contudo, ao chegar ao Palácio de Belém, esta terça-feira, foi recebida apenas pela Casa Civil, algo que a deixou revoltada.

“Esperava ser recebida pelo senhor Presidente, a senhora [da Casa Civil com quem falou] foi muito simpática e muito amável, mas a única coisa que me disse foi que está tudo nas mãos do primeiro-ministro e do senhor Santos Silva”, revelou Delfina admitindo, de seguida, que se o Governo não resolver o caso, em breve, vai avançar para uma greve de fome em frente ao Ministério dos Negócios Estrangeiros.

“Não há mais tempo porque há duas crianças que estão em perigo de vida. Não dou mais tempo! Façam o que quiserem. Eu não saio daqui, nem que me tenha de colocar à porta do ministério e faça uma greve de fome”, garante.

De acordo com a SIC, fonte do ministério dos Negócios Estrangeiros revelou estar a par da situação “difícil em que se encontram algumas nacionais portuguesas”, acrescentando que o caso levanta “problemas relevantes e sensíveis de segurança nacional” e admitindo que será necessário mais tempo para “ponderar”.

Uma resposta que deixa Vânia Cherif, natural de Carrazeda de Ansiães, revoltada. “Não temos nenhuma pinta de terroristas, de fazer atentados ou lá o que vocês estão para aí a pensar. A única coisa que queremos é voltar para Portugal (…). Todos cometemos erros e merecemos uma segunda oportunidade e como portuguesas que somos, Portugal tem de nos vir cá buscar. Muitos países já vieram cá. O único país que ainda não veio é Portugal. É uma vergonha Portugal não ter vindo ainda aqui”, acusa a jovem portuguesa.

Vânia vivia em França quando, em 2015, foi para a Síria com o companheiro, um franco-tunisino, que está atualmente detido, onde este se juntou ao Daesh. Ainda de acordo com a SIC, a portuguesa tem duas filhas, uma das quais sofre de problemas cardíacos e necessita de intervenção médica urgente.

Além de Vânia, no mesmo campo da ONU, está uma lusodescendente que também quer regressar a Portugal.

Recorde-se que o destino dos militantes do Daesh estrangeiros e respetivas famílias é incerto perante a anunciada derrota do califado.

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