Apesar de estar regularmente notificada, a arguida faltou à audiência de julgamento e não apresentou qualquer justificação, tendo o tribunal decidido emitir mandados de detenção para comparência na próxima sessão.
O coletivo de juízes começou assim por ouvir as duas ofendidas. A primeira a falar foi uma reformada de 81 anos que, segundo a acusação do Ministério Público (MP), terá ficado sem 18.400 euros.
A idosa, que se desloca de cadeira de rodas, disse que "não tinha proximidade" com a arguida, apesar de conhecer "muito bem" os pais, os avós e os tios daquela.
"Quando o meu marido faleceu, ela apareceu em minha casa e nunca mais me desamparou. Todos os dias lá estava batida", contou.
A determinada altura, a arguida terá convencido a octogenária a levantar 15 mil euros que tinha no banco. "Ela começou a meter-me medo, a dizer que a minha cunhada queria ficar com o dinheiro, e disse-me para levantar tudo e guardar em casa", disse.
Além dos 15 mil euros, a arguida ter-se-á apoderado de quase 2.500 euros que se encontravam no interior de um cofre, que a idosa mandou instalar em casa, por sugestão da suspeita.
A ofendida contou, então, que confrontou a arguida e esta disse-lhe que tinha retirado o dinheiro para "trocar por notas maiores, para ficar com menos volume", prometendo devolver tudo, o que não chegou a acontecer.
"Mais tarde, disse que ia fazer um lar para os idosos na Vagueira e que eu ia para lá e não pagava nada, e depois deixou de pôr lá os pés", afirmou.
A outra vítima é uma mulher de 83 anos a quem a arguida pediu emprestados 4.650 euros para tratar de um processo de herança de uma tia de França no âmbito do qual herdaria 14 milhões de euros.
"Ela foi pedindo, pedindo, pedindo, até que ficaram 99 euros na conta bancária", contou.
A investigação refere ainda a existência de uma terceira vítima que terá sido burlada em cerca de 15 mil euros, mas como a ofendida veio a falecer o processo foi arquivado.
A mulher, que está acusada de dois crimes de burla qualificada, tem duas condenações a penas suspensa por crimes de burla e difamação por factos praticados em 2012 e 2015 com o mesmo método.