O antigo presidente das Câmaras de Gouveia e da Guarda, e recentemente eleito eurodeputado pelo PSD, foi constituído arguido no processo Rota Final. Depois de ouvido esta segunda-feira no Tribunal de Viseu, Álvaro Amaro ficou com termo de identidade e residência, e foi sujeito ao pagamento de uma caução de 40 mil euros para aguardar julgamento em liberdade.
O ex-autarca é suspeito de corrupção, tráfico de influências, prevaricação e abuso de poder, e participação económica em negócio.
Além de Álvaro Amaro foram também constituídos arguidos neste processo o atual presidente da Câmara da Guarda, Carlos Chaves Monteiro, o vereador da Cultura, Victor Amaral, e duas técnicas superiores. Em causa, revelou a Procuradoria-Geral Distrital de Coimbra (PGDC) está uma “investigação que visa esclarecer os termos em que o Grupo Transdev obteve contratos e compensações financeiras com autarquias das zonas Norte e Centro do país”.
Há, de acordo com o Ministério Público, "indícios de tráfico de influência, participação económica e corrupção, entre outros crimes", estando o inquérito encontra-se "em segredo de justiça".
Ainda no âmbito desta operação, recorde-se, foram alvo de buscas 18 autarquias - Águeda, Almeida, Armamar, Belmonte, Barcelos, Braga, Cinfães, Fundão, Guarda, Lamego, Moimenta da Beira, Oleiros, Oliveira de Azeméis, Oliveira do Bairro, Sertã, Soure, Pinhel e Tarouca.
Em causa estão esquemas fraudulentos da viciação de procedimentos de contratação pública, com vista a favorecer pessoas singulares e coletivas.
Apesar deste processo, Álvaro Amaro vai tomar posse
À saída do Tribunal de Viseu, Castanheira Neves, advogado do social-democrata Álvaro Amaro, garantiu esta segunda-feira que o seu constituinte tomará posse, amanhã, como eurodeputado em Estrasburgo.
"O doutor Álvaro Amaro tomará amanhã posse como eurodeputado, mas desde já uma informação: o doutor Álvaro Amaro jamais utilizará qualquer prerrogativa atinente à imunidade parlamentar", que terá a partir de terça-feira, assumiu o advogado.
Castanheira Neves acrescentou que "sempre que qualquer autoridade judiciária precisar de o ouvir, de o ter presente em qualquer diligência, o doutor Álvaro Amaro dará prioridade a essa eventual diligência sobre as suas tarefas parlamentares".
À saída do Tribunal de Viseu, onde esteve a ser ouvido desde manhã e até quase às 17h00, com interrupção para o almoço, Álvaro Amaro recusou-se a prestar esclarecimentos aos jornalistas e o seu advogado disse que não podia "dizer rigorosamente nada, porque o processo se encontra em segredo de Justiça, interno e externo".