O etnomusicólogo António Tilly, o responsável da Área de Conteúdos Rádio da Subdireção de Arquivo da RTP Eduardo Leite, o musicólogo Paulo Ferreira de Castro, a investigadora e diretora do Museu do Fado Sara Pereira e a professora catedrática de Etnomusicologia Salwa Castelo-Branco são as "personalidades de reconhecido mérito" designadas pela ministra da Cultura, Graça Fonseca, e o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, como membros do conselho consultivo do ANS, de acordo com o despacho hoje publicado em Diário da República.
O processo de instalação do ANS, para a salvaguarda e projeção do património sonoro, musical e radiofónico português, é liderado pelo etnomusicólogo Pedro Félix, investigador da Universidade Nova de Lisboa, e deverá estar concluído no prazo máximo de três anos, de acordo com o diploma aprovado em fevereiro, em Conselho de Ministros.
Este projeto "permitirá dotar o país de uma infraestrutura com as condições tecnológicas adequadas à preservação, estudo e divulgação pública do património fonográfico português, marca fundamental da identidade e diversidade cultural nacionais", de acordo com o Governo.
A equipa de instalação vai ficar na dependência dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da Cultura e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
De acordo com o despacho hoje publicado em Diário da República, António Tilly é etnomusicólogo, licenciado em Ciências Musicais, doutorando em Etnomusicologia e membro do instituto de investigação INET-md.
Eduardo Leite, licenciado em antropologia e pós-graduado em Estudos de Informação e Bibliotecas Digitais pelo ISCTE, é responsável de Área - Área de Conteúdos Rádio da Subdireção de Arquivo da RTP.
Paulo Ferreira de Castro é musicólogo, professor associado do Departamento de Ciências Musicais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e membro da Direção do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (CESEM).
Sara Pereira, licenciada e doutorada em História da Arte, é investigadora integrada no ARTIS, Instituto da História de Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e diretora do Museu do Fado.
Salwa Castelo-Branco é professora catedrática de Etnomusicologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, de que foi vice-reitora, presidente do Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos em Música e Dança, unidade de investigação transdisciplinar, que fundou, e pertence ao Conselho Internacional de Música Tradicional, órgão consultivo da UNESCO, que também presidiu. Dirigiu a edição da "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX".
Caberá ao Conselho Consultivo do ANS, segundo o mesmo despacho, "acompanhar e apoiar tecnicamente as ações da equipa instaladora, discutindo, analisando criticamente e validando a sua atividade" e "elaborar pareceres e mediar os contactos com instituições (científicas ou patrimoniais) terceiras".
Em março de 2018, a Assembleia da República recomendou ao Governo a criação de um ANS, propondo "a criação de uma estrutura interministerial alargada para a sua concretização".
Na altura, os partidos uniram-se na aprovação de projetos de resolução do PS, PSD, BE, CDS e PEV, que recomendavam ao Governo a criação do arquivo, prometido desde 2006, com o objetivo de conservar a produção musical e o registo fonográfico e radiofónico nacionais.
O projeto tem em vista a compilação, armazenamento digital, preservação e disponibilização pública do património sonoro, identificando o âmbito, as necessidades técnicas, recursos e equipamentos adequados.
A etnomusicóloga Salwa Castelo-Branco, em declarações à agência Lusa, na altura, qualificou de "essencial" a criação de um ASN, para o qual Portugal tem "especialistas com experiência no trabalho técnico, de curadoria e de investigação".
A investigadora, que fundou o Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos em Música e Dança, fez parte de uma comissão conjunta para criação do arquivo.
Salwa Castelo-Branco considerou "a criação de uma infraestrutura [deste tipo] fundamental", acrescentando que, em Portugal, "já há especialistas com experiência no trabalho técnico, de curadoria e de investigação, três componentes" que considerou determinantes neste processo.
A criação do ANS foi sendo adiada desde 2006 e voltou a ser referenciada em janeiro de 2016, quando o atual Governo o incluiu nas Grandes Opções do Plano, o que foi visto como cumprimento de uma das promessas do programa eleitoral do PS.
Em 19 de setembro de 2006, a então ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, anunciou a criação do Arquivo Sonoro Nacional, a funcionar como depósito legal dos fonogramas, de acordo com a lei em vigor desde em 1982.