O Comandante Distrital de Operações de Socorro de Coimbra, Carlos Luís Tavares , fez o ponto de situação sobre as operações de proteção civil em curso no distrito de Coimbra devido mau tempo, às 19h, deste sábado, onde deu conta de que já foram registadas 1.165 ocorrências nos 17 concelhos do distrito de Coimbra.
O mau tempo provocou "deslizamento de terras, quedas de árvores, inundações e depois mais tarde veio a provocar cheias", tendo em conta que os concelhos mais afetados foram "o concelho de Coimbra, Soure e Montemor-o-Velho".
No Quartel de Bombeiros de Montemor-o-Velho, o comandante referiu ainda aos jornalistas que "no concelho de Montemor nomeadamente entre Pereira e Santo Barão já ocorreram" evacuações. "Estamos a falar de 204 pessoas que foram retiradas no concelho de Montemor e no concelho de Soure foram retiradas 12 pessoas", disse.
"No concelho de Coimbra irão provavelmente ocorrer mais evacuações" e explicou "o objetivo destas evacuações foi preventivo" devido à incerteza do que as margens do Mondego "poderia aguentar". O rebentamento do dique no rio Mondego não causa preocupação porque as águas "vão correr para Montemor e novamente para o leito do rio".
Para fazer face aos trabalhos de proteção civil, o comandante deu conta de que foram mobilizados na manhã deste sábado, para os concelhos de Coimbra, Montemor-o-Velho e Soure, "a força especial dos Bombeiros, reforço de barcos e meios humanos do distrito de Leiria, Aveiro e Castelo Branco, a Cruz Vermelha Portuguesa, os GIPS, a GNR, a PSP e os Serviços Municipais de Proteção Civil, que têm sido incansáveis a ir de porta-a-porta a avisar as pessoas do perigo das cheias".
"Há cerca de 400 operacionais no terreno com embarcações, viaturas para intervir a qualquer momento", disse Carlos Luís Tavares. Questionado pelos jornalistas, o comandante deu conta de que "não estão previstas mais evacuações" durante as próximas horas.
Duas equipas de militares, do Exército e da Marinha, estão no terreno nas zonas de Coimbra e Constância para "dar apoio direto" à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), segundo um comunicado oficial hoje divulgado. O Estado-Maior General das Forças Armadas adianta, no comunicado, que uma equipa de 14 fuzileiros da Marinha foi acionada hoje, após a subida do nível da água no rio Mondego.
Recorde-se que já durante este sábado a Câmara de Coimbra solicitou hoje às populações de nove localidades localizadas entre Bencanta e Ameal, na margem esquerda junto ao rio Mondego, uma linha reta de oito quilómetros, que preparam evacuação, na sequência do mau tempo que tem atingido Portugal. As povoações são: "Bencanta; Espadaneira; Pé de Cão; Casais do Campo; Carregais; Taveiro; Ribeira de Frades; Vila Pouca do Campo; e Ameal (indicativamente entre a Linha Ferroviária do Norte e o Rio Mondego)" e a proteção civil diz às populações para "acondicionar algum material, acautelar os seus bens e a preparar a evacuação”, refere uma nota de imprensa enviada à agência Lusa.
A decisão, de acordo com o município, “deve-se à informação transmitida pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) à Proteção Civil Municipal de que o caudal do Rio Mondego, que atualmente está com 2125 m3/s no Açude-Ponte, irá intensificar nas próximas horas, existindo gravidade extrema de cheias e inundações nesta área geográfica”.
O mau tempo provocado pela depressão Elsa, entre quarta e sexta-feira, a que se juntou hoje o impacto da depressão Fabien, provocou também condicionamentos na circulação rodoviária e ferroviária, bem como danos na rede elétrica, afetando a distribuição de energia a milhares de pessoas, em especial na região Centro.
Os distritos do Porto, Viana do Castelo, Aveiro, Coimbra e Braga vão estar entre as 21h de hoje e as 12h de domingo em aviso vermelho, devido à agitação marítima, a que se soma Vila Real, por causa de fortes rajadas de vento, que podem atingir 140 quilómetros/hora.