Ambientalistas pedem incineração de lixo hospitalar que segue para aterro

O aterro de Valongo está a receber resíduos de Itália e dos hospitais do Norte do país que, dado o período de excesso de carga, poderão estar contaminados, alertou hoje a associação Jornada Principal, defendendo a sua incineração.

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Lusa
30/03/2020 18:00 ‧ 30/03/2020 por Lusa

País

Valongo

À Lusa, Diogo Pastor, membro daquela associação ambientalista, revelou que "todos os hospitais da zona Norte do país mandam os seus resíduos hospitalares G1 e G2 para Sobrado", explicando que estes resíduos "apesar de serem equiparados a urbanos", o facto de os "hospitais estarem num período de excesso de carga, quase todos vão estar infetados com o novo coronavírus".

"Eles não deviam ir para nenhum aterro, deviam ser incinerados", disse Diogo Pastor, acrescentando que "a forma como vão reagir com mais de 400 outros resíduos vai gerar um composto que ninguém sabe o que será e que, por isso, é duplamente perigoso", alertou.

Diogo Pastor sublinhou ter sido em Sobrado "onde apareceram os primeiros casos da covid-19 no concelho de Valongo" e que "antes da deteção desse caso foi enviado um email à delegada de Saúde da Agrupamento de Centros de Saúde Maia/Valongo questionando se não haveria perigo de contágio dos resíduos vindos de Itália para Sobrado".

"A delegada de Saúde respondeu que, face ao histórico do vírus, não havia essa possibilidade", disse.

Contactado pela Lusa, o diretor do Agrupamento de Centros de Saúde Maia/Valongo escusou-se a comentar a situação.

Num documento hoje enviado para a secretária de Estado do Ambiente, a que a Lusa teve acesso, a associação ambientalista questiona também o Governo porque continua Sobrado, numa "situação de pandemia mundial" a "receber resíduos provenientes de outros países, como é o caso de Itália", frisando serem estes resíduos "enterrados sem qualquer tipo de controlo".

"Não devia o estado português cancelar a receção de resíduos, ainda que temporária, de países que têm grande número de casos da covid-19?", questiona.

Segundo Diogo Pastor, a certeza de que continuam a chegar contentores do estrangeiro "resulta da observação diária" feita, individualmente, por elementos da associação "que verificam que os contentores que chegam por via marítima chegam de Itália", mencionando um "manifesto da Agência Portuguesa do Ambiente à entidade gestora do aterro autorizando-os a receber até maio resíduos provenientes de Itália".

"Então se do Norte de Itália, que é de onde vêm os resíduos, é das zonas mais fustigadas pela covid-19, como é que o estado português ainda não tomou a decisão de parar, ainda que de forma temporária, a receção desses resíduos?", prergunta.

No mesmo documento enviado ao Governo, a associação denuncia que "desde sexta-feira" que os resíduos depositados no aterro "estão expostos às condições climatéricas", fazendo acompanhar o texto com um vídeo onde se vêm gaivotas a pairar sobre os resíduos descobertos, informando serem imagens "recolhidas no domingo".

Vincando que "esta má prática origina fortes cheiros nauseabundos e a presença de um elevado número de gaivotas na zona de Sobrado".

A Lusa tentou obter a reação do Governo e da Recivalongo mas, até ao momento, não foi possível.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 140 mortes, mais 21 do que na véspera (+17,6%), e 6.408 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 446 em relação a domingo (+7,5%).

Dos infetados, 571 estão internados, 164 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.

 

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