Em consequência da Covid-19, não se realizará também este ano, no dia 13, a tradicional procissão de Santo António, existente desde o século XVIII, nem os casamentos ou as marchas populares.
"Arraiais e desfiles estão proibidos", determinou a Câmara Municipal de Lisboa, sustentando que "a elevada concentração de pessoas que marca os arraiais populares, vincando a força da sua tradição, é incompatível com a sua realização mesmo num cenário de achatamento da curva de contágio e da diminuição do número de infetados".
A decisão da autarquia foi anunciada em 4 de abril, um mês depois da identificação dos primeiros casos de infeção pela covid-19 em Portugal.
De acordo com a autarquia, o cancelamento das Festas de Lisboa vai ao encontro da resolução do Conselho de Ministros de 29 de maio, que proíbe "qualquer atividade em espaços abertos, em espaços ou vias públicas, ou em espaços e vias privadas equiparadas a vias públicas", incluindo os de coletividades, associações e instituições similares, e "os desfiles e festas populares ou outras de qualquer natureza".
Neste âmbito, a Câmara Municipal de Lisboa "apela à compreensão de todos e ao respeito escrupuloso das regras".
Os Casamentos de Santo António, com a participação de 16 casais, sofrem agora uma nova interrupção -- a iniciativa, que se iniciou em 1958 como "Noivas de Santo António", foi interrompida após o 25 de Abril de 1974 e, passado 23 anos, foi retomada pela Câmara de Lisboa em 1997.
Apesar de as candidaturas terem decorrido até 12 de março, em que é preciso que pelo menos um dos noivos seja residente em Lisboa, "não foi possível realizar entrevistas e selecionar os nubentes", pelo que serão automaticamente consideradas para a edição do próximo ano, indicou o município.
Com a vertente competitiva desde 1932, apesar de se realizarem desde o século XVIII, as Marchas Populares de Lisboa ficam também este ano sem o tradicional desfile na Avenida da Liberdade, na sequência das medidas de redução dos riscos de contágio da covid-19 e "atendendo ao desenrolar da atual pandemia e do período de confinamento e distanciamento social ter inviabilizado os ensaios".
O cancelamento determina que o tema "Amália Rodrigues", celebrando o centenário do nascimento da fadista, vai transitar para a edição de 2021 das Marchas Populares, "permitindo que todo o trabalho realizado (arcos, cenografia, figurinos) possa ser rentabilizado no próximo ano".
As 20 marchas que se vão apresentar a concurso são Mouraria, Castelo, Carnide, Bela Flor, Bairro Alto, Boavista, Penha de França, Lumiar, Belém, Baixa, Madragoa, Campo de Ourique, Alcântara, Alfama, Ajuda, Marvila, Bica, São Vicente, Olivais e Alto do Pina. Em extraconcurso mantém-se a participação das marchas da Voz do Operário, Mercados e Santa Casa.
Além de todos estes festejos que se se celebravam na véspera do feriado de Lisboa, a procissão de Santo António, que se realiza no dia 13 de junho, desde o século XVIII, não se vai realizar este ano, devido à pandemia.
Depois de terem sido divulgados, em 1 de junho, os 10 vencedores do 10.º Concurso Sardinhas Festas de Lisboa, a Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC) anunciou que estas figuras, com desenhos dos concorrentes, vão ser distribuídas na rua, com o devido distanciamento social.
"Aos fins de semana, vamos distribuí-las por vários locais da cidade, em segurança, para serem 'pescadas'. Nesta caça ao tesouro, as pistas para encontrar as sardinhas serão dadas no Facebook e Instagram das Festas de Lisboa, todas as sextas-feiras, sob o mote 'Apanha esta sardinha', ao estilo de um jogo de pista sobre a toponímia de Lisboa", avançou a EGEAC, desafiando os participantes a fotografarem e partilharem 'online' o resultado.
Além desta iniciativa, empresa municipal de animação cultural vai celebrar 'online' o santo casamenteiro, no dia 13 de junho (sábado), com o anúncio dos vencedores do concurso e exposição dos Tronos de Santo António, uma iniciativa conjunta com o Museu de Lisboa - Santo António, que este ano foi desenvolvida "em versão digital e alargada a todo o país".