A conferência de imprensa diária de atualização de informação relativa à infeção pelo novo coronavírus (Covid-19) começou pouco depois de divulgado o boletim epidemiológico desta sexta-feira - que regista mais um morto, 270 novos casos e 198 recuperados nas últimas 24 horas - contando com a presença da secretária de Estado Adjunta e da Saúde, Jamila Madeira, e com a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.
O briefing diário começou com Jamila Madeira a fazer um balanço dos últimos dados do boletim epidemiológico e a anunciar o número de profissionais de saúde infetados.
"Ao dia de hoje há 3556 profissionais de saúde infetados com Covid-19, dos quais 505 médicos, 1.154 enfermeiros, 1.059 assistentes operacionais, 176 assistentes técnicos e 108 técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica", disse, a governante, acrescentando que "há mais 198 recuperados" entre o setor.
De seguida, Jamila Madeira, esclareceu as palavras de Graça Freitas que ontem geraram algumas dúvidas, em relação às comemorações dos santos populares.
"Este é um momento atípico e que deve ser vivido com prudência e cautela", começou por salientar Jamila, reiterando que "mais uma vez teremos de nos ajustar, acreditando que num período breve, mais breve quanto mais coesos formos, poderemos festejar" e que, por isso, temos de continuar a cumprir as medidas das autoridades de saúde para evitar a propagação do vírus e, essencialmente, a distância social. "Os tradicionais arraiais populares estão proibidos", relembrou.
Ainda sobre a polémica relacionada com a realização dos arraiais, a secretária de Estado Adjunta e da Saúde garantiu que diretora-geral da Saúde queria dizer, ontem, que "não estão limitadas as opções gastronómicas, podemos comer um bom e e cobiçado prato de sardinhas" e não que estão permitidos ajuntamentos.
Sobre o mesmo assunto, Graça Freitas esclareceu, "para que não reste nenhum equívoco" que até domingo "devem ser reforçadas as medidas de distanciamento social. Não são permitidas eventos e celebrações que juntem mais de 10 pessoas, nomeadamente na zona de Lisboa. Está interdita a instalação de novo mobiliário urbano no espaço público e as esplanadas devem funcionar sob as regras da Direção-Geral da Saúde (DGS). Que haja a diversão possível, sem facilitismos".
Funerais, casamentos e batizados "não podem ser realizados como eram antes"
Já questionada sobre as atualização das regras da realização de funerais, casamentos e batizados, Graça Freitas frisou que estes "podem ser realizados, mas com as regras de distanciamento social", ou seja, "não podem ser realizados como eram antes. As pessoas vão ter de rever essas cerimónias e rituais".
"Não se devem juntar mais do que 20 pessoas", lembrou a responsável sobre a legislação em vigor, explicando, no entanto, "que há regras para as diferentes religiões em curso". "Podem dançar se estiveram suficientemente distantes e se o espaço assim o permitir. Não podemos ser fundamentalistas", atirou, revelando até um caso particular.
"Tive um amigo que perguntou: 'achas que devo fazer o casamento agora?'. Respondi - porque era uma festa enorme, de 200 ou 300 pessoas - que deveria esperar um pouco mais", confessou.
Tal como estas cerimónias, também as peregrinações (como o 13 de junho, em Fátima), relembrou Graça Freitas, têm de ser feitas de acordo com as restrições já divulgadas pela DGS. "Com a liberdade religiosa e o direito a peregrinar, é possível, mas com as novas regras".
Já sobre os ATL, cuja reabertura estava prevista para 1 de junho, mas foi adiada, a responsável admitiu que houve uma "necessidade de adaptação" e anunciou que, ao que tudo indica, estes abrirão a partir do dia 15, "os que não estão integrados em estabelecimentos escolares" e a partir de dia 26 "os que estão relacionados com escolas". Já as regras de funcionamento "estão a ser elaboradas".
"A nossa taxa de mortalidade não foi a mesma de alguns países mais desenvolvidos"
Quanto ao facto de Portugal pertencer à lista de países europeus com mais casos detetados positivos, com uma "incidência relativamente elevada, sobretudo em Lisboa", de acordo com Graça Freitas, isso "tem muito a ver com a política de deteção de casos, com o rastreio que tem vindo a ser feito e que tem uma linha telefónica que canaliza as pessoas com sintomas para um médico assistente".
Mas há sinais positivos. Segundo a DGS essa incidência relativamente elevada não tem tido reflexo nos internamentos, nem em internamentos em cuidados intensivos e a taxa de mortalidade e de letalidade não foi tão elevada como em outros "muitíssimos países". "A nossa taxa de mortalidade não foi a mesma de alguns países muito mais desenvolvidos", sublinhou.
Assim sendo, para a responsável, o "país deve estar orgulhoso da sua capacidade cívica, de rede de saúde pública e de cuidar dos pacientes".
Ocupação de 65% dos serviços de cuidados intensivos em Lisboa
Questionada sobre a ocupação das unidades de cuidados intensivos dos hospitais da região de Lisboa, Jamila Madeira anunciou que 65% destes serviços estão ocupados com doentes.
Recorde-se que Lisboa e Vale do Tejo têm sido a região com maior prevalência de novos casos, registando um valor 91% de novos casos desta sexta-feira.
Assista aqui ao briefing diário da DGS:
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