"Esta marcha em Setúbal é precisamente para exigir que haja medidas que garantam emprego, salários, direitos e a saúde, porque estamos a verificar que os trabalhadores estão numa situação de extrema dificuldade", disse à Lusa a secretária-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses --- Intersindical Nacional (CGTP-IN).
Na visão de Isabel Camarinha, o Orçamento Suplementar, aprovado hoje, "não garante o que é necessário", até porque "continua a haver um desequilíbrio entre o muito grande apoio que é dado às empresas e o muito pouco apoio que é dado aos trabalhadores".
Foi pelas 10:00, em frente ao edifício da Segurança Social, que centenas de trabalhadores se reuniram para participar no movimento organizado pela União dos Sindicatos de Setúbal (USS), gritando "trabalho sim, desemprego não".
"Mais de um milhão de trabalhadores têm o seu salário reduzido, o desemprego tem aumentado na forma que temos visto, são mais de 103 mil desempregados desde que se iniciou o surto epidémico e, desses desempregados, 57% tinham vínculos precários", apontou Isabel Camarinha.
Neste sentido, acrescentou também que o contributo do orçamento para o Serviço Nacional de Saúde "não é suficiente" e que as empresas de transporte rodoviário privadas que têm trabalhadores em 'lay-off' "não garantem a oferta de transporte necessária para os trabalhadores e as populações se deslocarem em condições de segurança".
"Temos de facto esta situação em que era obrigatório proibir os despedimentos e garantir a retribuição total dos trabalhadores, porque só assim o país poderá retomar e recuperar desta situação difícil em que estamos", defendeu.
Os trabalhadores seguiram até à avenida Luísa Todi, passaram pela praça do Bocage e terminaram na rua Azinhaga dos Trabalhadores, perto do centro de emprego, frisando que "para o país produzir, é urgente investir".
A Marcha Pelo Emprego terminou perto das 12:00, mas durante a sua realização houve sempre uma tentativa de cumprimento da distância social e utilização de máscara.
"Acho que correu bem, como sempre nas iniciativas da CGTP. Garantimos o distanciamento, todos os participantes usaram máscara e naturalmente é do interesse dos trabalhadores protegerem a sua saúde", mencionou Isabel Camarinha.
Já o coordenador da USS, Luís Leitão, criticou o regime de 'lay-off' em grandes empresas do distrito de Setúbal, como é o caso da Autoeuropa, da The Navigator Company e da Transportes Sul do Tejo.
"Apenas serve para proteger os interesses do grande capital e não o emprego", frisou.
Na quinta-feira, o sindicalista já tinha indicado à Lusa que o complexo industrial da Autoeuropa, que inclui a fábrica da Volkswagen e dezenas de empresas, despediu "cerca de 2.000 trabalhadores precários".
Segundo Luís Leitão, no final do passado mês de maio já havia um total de 41.567 desempregados no distrito de Setúbal, o que corresponde a um aumento de 28,6% num período de três meses.
De acordo com os dados da USS, o concelho do Seixal teve o maior aumento do número de desempregados no distrito, tendo atualmente um registo de 7.870 desempregados, a que se segue o concelho de Almada, com 7.690 trabalhadores no desemprego.
A hotelaria, o turismo e os serviços, ainda de acordo com a USS, foram os setores mais afetados, em termos de emprego, pela pandemia covid-19 no distrito de Setúbal.