Há 177 surtos de Covid-19 no país. Norte volta a requerer "maior atenção"

A nível nacional, as taxas de incidência, assim como índice de transmissibilidade, apresentam tendência "crescente". Marta Temido admite que Portugal, assim como resto da Europa, tem um "contexto complexo" pela frente, mas país "está melhor preparado para enfrentar um eventual recrudescimento da pandemia".

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Melissa Lopes
02/09/2020 14:06 ‧ 02/09/2020 por Melissa Lopes

País

Covid-19

Conhecido  o boletim epidemiológico desta quarta-feira (que dá conta de 390 novas infeções e três mortes devido ao novo coronavírus), Marta Temido e Graça Freitas atualizaram a informação  na habitual conferência de imprensa no Ministério da Saúde. 

Referindo-se aos números de hoje, a ministra avançou que há no país, neste momento, 177 surtos ativos da doença: 86 na região do Norte, nove no Centro, 61 na região de Lisboa e Vale do Tejo, nove no Alentejo e 12 no Algarve

"Temos, portanto, uma situação em que o número mais significativo de surtos corresponde agora à região onde temos tido também, agora, mais novos casos", a região Norte, "na qual incide também agora a nossa maior atenção". 

Marta Temido sublinhou que do total de número de casos confirmados até à data - e hoje passam seis meses da confirmação dos dois primeiros casos - 72% já recuperaram, há 24,3% de indivíduos que estão em casa, há 0,6% de hospitalizados e 3,1% de óbitos

Taxas de incidência e RT com tendência crescente

A governante deu conta que a taxa de incidência a sete dias se situa nos 22,9 novos casos por 100 mil habitantes. A taxa de incidência a 14 dias é agora de 38,2 novos casos por 100 mil habitantes. "Taxas de incidência que registam uma tendência crescente", acrescentou. 

O índice de transmissibilidade (RT) para o período de 24 a 28 de agosto tem registado uma "tendência ligeiramente crescente", disse a ministra, revelando que tem estado "acima de 1 desde o início de agosto e é agora, para o total nacional, de 1,16".

"Temos pela frente um contexto complexo"

Aproveitando a data em que assinalam os seis meses do início da epidemia em Portugal, Marta Temido quis fazer "um breve balanço daquilo que foram estes dias". "Durante este período, o SNS, os seus profissionais, e toda a rede de serviços e de setores com os quais o SNS colabora, garantiram a resposta às necessidades assistenciais de todos os residentes em Portugal, fossem eles portugueses ou cidadãos em situação de requerentes de asilo, por exemplo", destacou, assegurando que "hoje estamos melhor preparados para enfrentar um eventual recrudescimento da pandemia". "Temos mais recursos, temos mais organização, temos  mais experiência e temos mais conhecimento", realçou.

"Como toda a Europa", frisou, "temos também pela frente um contexto complexo, que começa a ser evidente". "Temos o regresso às aulas para preparar, a gripe sazonal, a sua época normal, o acréscimo de mortalidade nos meses de inverno, sobretudo nos mais idosos, a necessidade de garantir outras respostas em saúde e a dificuldade económica e social de voltar a enfrentar medidas tipo as que tivemos na primeira fase da pandemia"

Portanto, "vale a pena manter a prevenção a um nível elevado", destacou, recordando que, até existir uma vacina, "a melhor resposta depende mesmo do esforço de cada um de nós".

Regresso às aulas: "Estamos na fase final dessa preparação"

Relativamente às orientações subjacentes ao regresso às aulas, Marta Temido sublinhou que o Ministério da Saúde tem estado a trabalhar nas últimas semanas com o Ministério da Educação naquilo que é "a componente de saúde pública deste arranque do ano escolar, naturalmente com o contorno de pandemia", admitindo que "há um conjunto de processos que estão praticamente ultimados. No entanto, sublinhou, "também estamos a procurar acompanhar aquilo que é a preparação e a evidência que vem de outros países".

Marta Temido indicou que ainda esta segunda-feira decorreu uma reunião, promovida pela OMS da Europa, "onde os vários países tiveram a oportunidade, por videoconferência, trocar as suas aprendizagens, planos e experiências". Salientando que "estamos a falar de uma realidade extremamente sensível" e complexa, a ministra disse que em breve haverá "um conjunto de aspetos mais robustecidos", embora já haja algumas orientações.

"Estamos ainda na fase final dessa preparação", disse, destacando que o princípio geral que a OMS aponta é "atividades escolares interrompidas o mínimo possível" e "encerramento o mais limitados e localizados possível". O documento "será conhecido dentro de alguns dias e partilhado com todos", assegurou Marta Temido. 

Graça Freitas, por seu turno, acrescentou que o que está a ser preparado é um referencial que incide sobre três questões: o que fazer nas escolas perante um caso suspeito, o que fazer perante um caso confirmado e o que fazer perante um surto. Quanto às orientações gerais, lembrou, essas já foram enviadas aos estabelecimentos de ensino há dois meses. 

Surto em lar de luxo no Porto "ainda não está encerrado"

Questionada sobre o surto de Covid-19 na residência Montepio, no Porto, Marta Temido esclareceu que o surto foi conhecido no dia 27 de julho, de 108 utentes que o lar teria, houve 29 afetados, 26 hospitalizados. Dos 16 óbitos, 14 registaram-se no centro hospitalar da Universidade do Porto, e dois na própria residência. A ministra indicou também que está a ser realizado novo rastreio, sublinhando que o "surto ainda não está encerrado". "Esta é a informação que transmitimos com toda a transparência, como transmitimos desde o início", afiançou. 

Panorama nos lares

Neste momento, há 19 lares com surtos ativos em Lisboa e Vale do Tejo e quatro na região Norte (a região tem muitos surtos, mas em lares, só quatro). No total do país, lares com surtos ativos de Covid-19 são 23.

Surto na Maternidade Alfredo da Costa

Relativamente ao surto na Maternidade Alfredo da Costa, Marta Temido disse que "há alguns casos confirmados" entre profissionais, dois enfermeiros e três assistentes operacionais, com uma ligação conhecida. Trata-se de um surto "em investigação", notou. 

Recorde aqui a conferência:  

O boletim epidemiológico desta quarta-feira indica que há 390 novas infeções em Portugal e três mortes devido ao novo coronavírus. Desde o início da pandemia, o país contabiliza 58. 633 casos de infeção e 1.827 mortes. Já recuperaram da doença 42.233 (dos quais 129 foram considerados curados nas últimas 24 horas). O número de casos ativos é agora de 14.573, mais 258 face aos dados de ontem. 

De lembrar que todo o território de Portugal continental regressa à situação de contingência no próximo dia 15. As medidas tomadas a partir desse dia (tendo em conta o regresso às aulas e a retoma de muitos portugueses ao trabalho) vão ser conhecidas na próxima semana, depois da reunião na segunda-feira, dia 7, com especialistas no Infarmed

 

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