A ministra da Saúde foi a recebida, esta segunda-feira, em Belém, pelo Presidente da República, na sequência de uma série de reuniões em que o chefe de Estado pretende ouvir diferentes opiniões para avaliar a resposta à Covid-19, e revelou que foram abordados assuntos de "natureza de avaliação da situação do país" e de outros países e de "informação mais de pormenor sobre a situação epidemiológica".
"No fundo, foi o detalhar de um conjunto de informações e a discussão das hipóteses que se colocam perante a evolução da pandemia, que cenários é que se imagina que venham a suceder", disse a ministra, sem precisar quais são esses cenários.
Marta Temido foi questionada relativamente à possibilidade de ser adotado o recolher obrigatório em Portugal para controlar a crise pandémica. A governante limitou-se a responder que "as medidas de saúde pública são determinadas com uma periodicidade que tentamos respeitar e que são comunicadas na sequência do Conselho de Ministros. Não compete só ao Ministério da Saúde".
Para a governante, o "foco" do Ministério que tutela é garantir o cumprimento das medidas determinadas no último Conselho de Ministros "e trabalhar em duas vertentes", designadamente "aliviar a pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS) através da abertura de mais camas de cuidados intensivos e contratando mais pessoas", disse, realçando o início das obras de alargamento das unidades de cuidados intensivos no Hospital Amadora-Sintra e de "outros que estão no mesmo processo".
Confrontada com dados do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge que apontam para um agravamento da situação epidemiológica de Covid-19, a ministra da Saúde salientou que estes cálculos podem ser invertidos com "medidas eficazes".
"Claro que os cálculos resultam na aplicação de modelos matemáticos que nós podemos inverter se conseguirmos tomar medidas e medidas eficazes. Isso depende de cada um de nós e eu não posso deixar de voltar a fazer essa referência", sublinhou a ministra da Saúde, no final da reunião, no Palácio de Belém, que demorou cerca de 90 minutos.
Questionada sobre a articulação com os setores privados e social, a ministra recordou que desde abril que o SNS tem ativo um acordo de convenção ao qual podem aderir entidades destes setores e que as administrações regionais de saúde podem acionar caso considerem necessário.
"Sei que as administrações regionais de saúde estão a fazer contactos com várias entidades para tentar garantir que há capacidade de expansão mais que aquela que está no Serviço Nacional de Saúde", sublinhou.
Perante "a muita preocupação" que "muitas vezes" tem ouvido a propósito das camas do SNS, Marta Temido lembrou que o SNS tem cerca de 21 mil camas, 18 mil das quais estariam disponíveis para a covid-19 "em termos teóricos", porque "estão a ser ocupados para tratar outros doentes", mas "a capacidade de expansão do Serviço Nacional de Saúde existe".
"Naturalmente que nós só desmarcaremos atividade programada se tal se vier a manifestar necessário porque a nossa função é equilibrar o melhor possível as respostas às suas necessidades", defendeu.
Recorde-se que Marta Temido - a primeira de um conjunto de personalidades da área da Saúde que o chefe de Estado pretende ouvir sobre a pandemia - esteve antes deste encontro em Belém presente também no momento em que Marcelo Rebelo de Sousa foi vacinado contra a gripe sazonal.