"Nós entendíamos que, não havendo contágio comunitário, não haveria necessidade de avançar para esta medida e entendemos que pode agravar a situação social e económica que vivemos em Évora", disse o autarca Carlos Pinto de Sá, em declarações à agência Lusa.
O presidente da câmara reagia ao facto de Évora ter sido hoje incluída na lista de municípios considerados de elevado risco de contágio por covid-19.
O Governo anunciou hoje que esta lista de concelhos, sujeitos a medidas mais restritivas como o recolher obrigatório, vai aumentar na próxima segunda-feira para 191.
A atualização da lista, atualmente com 121 concelhos, retira sete municípios, em que estas medidas de restrição deixam de estar em vigor, a partir das 00:00 de sexta-feira, e inclui 77 novos concelhos a partir das 00:00 da próxima segunda-feira, anunciou o primeiro-ministro, António Costa, que falava após uma reunião do Conselho de Ministros, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa.
Reavaliada a cada 15 dias pelo Governo, a lista de concelhos com risco elevado de transmissão da covid-19 é definida de acordo com o critério geral do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) de "mais de 240 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias", e considerando a proximidade com um outro concelho nessa situação e a exceção para surtos localizados em municípios de baixa densidade.
Ainda que reconhecendo a "precaução para que a pandemia não aumente", o presidente da Câmara de Évora considerou que o concelho não devia ser incluído porque tem sido possível "estancar os casos" de infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 "que vão aparecendo".
Como exemplo, aludiu às escolas: "Têm aparecido vários casos", mas "não houve nenhum surto numa escola de Évora até ao momento, exatamente porque tem sido possível estancar as cadeias de contágio".
"Da nossa parte ficámos um pouco apreensivos porque não nos parecia que houvesse ainda essa necessidade" e atendendo à "situação que vivemos no concelho" e à "situação da atividade económica, em particular das micro, pequenas e médias empresas", as quais, "poderão sofrer de uma forma significativa", frisou.
A Câmara de Évora vai "trabalhar para que, tão breve quanto possível", o concelho possa "sair" desta situação, afiançou Carlos Pinto de Sá, admitindo, contudo, que "é previsível que, nas próximas semanas, se continue a agravar" o número de casos ativos.
"Nós teremos agora, eu diria, pelo menos três a quatro semanas muito difíceis", acrescentou.
De acordo com os dados mais recentes da situação epidemiológica no concelho, referentes a quarta-feira e divulgados hoje pela câmara, Évora regista um total acumulado de 418 casos de covid-19, dos quais 208 são casos ativos, 209 são recuperados e um óbito.
Portugal contabiliza pelo menos 3.181 mortos associados à covid-19 em 198.011 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).