O ministro da Defesa destacou, esta quarta-feira, o "contributo decisivo" das Forças Armadas na resolução de alguns problemas no decorrer do combate à pandemia em Portugal.
Na audição no Parlamento, Gomes Cravinho salientou "a capacidade logística" das Forças Armadas, incluindo enquanto reserva estratégica nacional, a sua "capacidade de apoio em todo o território", e em parceria com os mais variados setores da Administração Pública, e a sua "capacidade em matéria de coordenação e planeamento e de apoio às restantes entidades com responsabilidades nesta matéria".
"Creio ser consensual na sociedade portuguesa a valorização do desempenho das Forças Armadas, tornando visível as mais valias" desta como "pilar da resiliência nacional" face a "quaisquer riscos e ameaças", nomeadamente "criando capacidades polivalentes ao dispor do país, em linha com a visão que o Governo tem articulado já desde a última legislatura".
"Em 2021 arrancará o plano de vacinação para a Covid-19, uma operação logística única a nível global. Aliás, corrijo, arrancará ainda antes do final de 2020", disse Gomes Cravinho, salientando que a Defesa Nacional esteve, "desde a primeira hora, envolvida no grupo de trabalho que desenhou o plano de vacinação" e assegurando que "continuará empenhada nos processos subsequentes, nomeadamente a nível do sistema de informação e gestão".
"O sucesso deste plano de vacinação será determinante para a recuperação da nossa economia e para a normalização da nossa vida em sociedade. É um trabalho de grande complexidade e o Ministério da Saúde sabe que conta com um parceiro indispensável que são as Forças Armadas", garantiu o governante.
No arranque da intervenção inicial, o ministro da Defesa anunciou a intenção de publicar um despacho em janeiro com vista à reforma do sistema de saúde militar (SSM), que será depois liderada pelo Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA).
Desafios para a Defesa Nacional em 2021
O ministro terminou enumerando alguns dos desafios de 2021. "O primeiro, e dos mais exigentes, é a presidência portuguesa da UE", afirmou, destacando alguns "eixos transversais" que permitem reforçar os interesses de Portugal.
"O reforço da relação da UE com o continente africano, em matéria de segurança e defesa, é a primeira prioridade que assumimos (...) Queremos também aproveitar para dar um salto qualitativo em matéria de segurança marítima", disse, sublinhando que a afirmação da identidade europeia tem que passar também pela consolidação de uma capacidade marítima".
O ministro destacou ainda a nova administração norte-americana, ambicionando a presidência portuguesa da UE "capitalizar esse novo contexto". "Será o momento para perceber como a administração Biden vê os avanços em matéria de UE e como se quer relacionar com a Europa em matéria de conflitualidade, em particular em torno de Mediterrâneo, em África e do Atlântico". Este "será também o momento de reforçar o compromisso de europeus e norte-americanos no importante vínculo transatlântico, continuando o reforço da cooperação na NATO".
O outro eixo importante, firmou o ministro, "será o processo de revisão do conceito estratégico de defesa nacional". "Neste momento, um grupo de trabalho liderado pelo Instituto de Defesa Nacional está a elaborar um documento que servirá de base a essa reflexão", seguindo-se em 2021 um debate na Assembleia da República sobre o tema.