Em declarações à agência Lusa, Nuno Botelho manifestou-se "absolutamente contra" a suspensão do ensino 'online' no setor privado, medida que, no seu entender, apenas serve para "escamotear" a realidade dos factos, que é "a incompetência" deste Governo, "que teve 10 meses" para preparar as escolas públicas e dotar os alunos com computadores, como havia prometido, "e não cumpriu".
Para o presidente desta associação empresarial, "é inconstitucional" a norma promulgada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa que permitiu a tomada desta decisão, pois "viola o princípio da proporcionalidade".
Nuno Botelho lembra que o vírus "não se transmite" via internet, reiterando que esta medida "é um claro ataque à iniciativa privada e aos direitos dos portugueses", nomeadamente às cerca de 400.000 famílias que têm os filhos em estabelecimentos de ensino privados.
O presidente da Associação Comercial do Porto diz que há escolas públicas "que estão preparadas para dar ensino à distância", sublinhando que "o Governo não pode proliferar a mediocridade em detrimento do mérito".
Este empresário critica ainda o facto de "não haver, na oposição, um sobressalto sobre este assunto", considerando "estranho o silêncio dos responsáveis políticos".
Questionado sobre se não iria criar "mais desigualdade" o facto de uns alunos poderem ter aulas à distância, enquanto outros não teriam condições para que isso acontecesse nas próximas duas semanas, Nuno Botelho diz que a "desigualdade já existe", fruto da atuação "dos sucessivos governos que foram incompetentes", em relação à escola pública.
Para o presidente da ACP, este momento deve servir para levar todos os portugueses a pensar como, enquanto sociedade, não foi capaz de se organizar, assumindo que hoje é um "dia muito triste para Portugal, muito desmotivante e dramático".
O primeiro-ministro, António Costa, anunciou na quinta-feira novas medidas para conter a pandemia de covid-19, nomeadamente o encerramento das escolas e a suspensão das atividades letivas em todos os graus de ensino, a partir de hoje e durante duas semanas.
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 2.092.736 mortos resultantes de mais de 97,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 9.920 pessoas em 609.136 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.