Suspender ensino à distância é escândalo e atentado à iniciativa privada

O presidente da Associação Comercial do Porto (ACP), Nuno Botelho, considerou hoje "um atentado à iniciativa privada, um escândalo e um abuso" a decisão do Governo de suspender o ensino à distância devido à pandemia de Covid-19.

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Lusa
22/01/2021 17:41 ‧ 22/01/2021 por Lusa

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Coronavírus

Em declarações à agência Lusa, Nuno Botelho manifestou-se "absolutamente contra" a suspensão do ensino 'online' no setor privado, medida que, no seu entender, apenas serve para "escamotear" a realidade dos factos, que é "a incompetência" deste Governo, "que teve 10 meses" para preparar as escolas públicas e dotar os alunos com computadores, como havia prometido, "e não cumpriu".

Para o presidente desta associação empresarial, "é inconstitucional" a norma promulgada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa que permitiu a tomada desta decisão, pois "viola o princípio da proporcionalidade".

Nuno Botelho lembra que o vírus "não se transmite" via internet, reiterando que esta medida "é um claro ataque à iniciativa privada e aos direitos dos portugueses", nomeadamente às cerca de 400.000 famílias que têm os filhos em estabelecimentos de ensino privados.

O presidente da Associação Comercial do Porto diz que há escolas públicas "que estão preparadas para dar ensino à distância", sublinhando que "o Governo não pode proliferar a mediocridade em detrimento do mérito".

Este empresário critica ainda o facto de "não haver, na oposição, um sobressalto sobre este assunto", considerando "estranho o silêncio dos responsáveis políticos".

Questionado sobre se não iria criar "mais desigualdade" o facto de uns alunos poderem ter aulas à distância, enquanto outros não teriam condições para que isso acontecesse nas próximas duas semanas, Nuno Botelho diz que a "desigualdade já existe", fruto da atuação "dos sucessivos governos que foram incompetentes", em relação à escola pública.

Para o presidente da ACP, este momento deve servir para levar todos os portugueses a pensar como, enquanto sociedade, não foi capaz de se organizar, assumindo que hoje é um "dia muito triste para Portugal, muito desmotivante e dramático".

O primeiro-ministro, António Costa, anunciou na quinta-feira novas medidas para conter a pandemia de covid-19, nomeadamente o encerramento das escolas e a suspensão das atividades letivas em todos os graus de ensino, a partir de hoje e durante duas semanas.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 2.092.736 mortos resultantes de mais de 97,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 9.920 pessoas em 609.136 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

 

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