O presidente do Conselho de administração do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa explicou aos jornalistas, na tarde desta quinta-feira, que a afluência nas urgências do Santa Maria "não só é muito agravada pelo volume da infeção que temos no país, como também pela missão do hospital que está alargada a mais dois, três, quatro, às vezes, que fecham a sua urgência".
"Como esta urgência fica aberta, é este comboio de ambulâncias", disse Daniel Ferro, numa altura em que se encontram 14 ambulâncias à espera de entrar.
O responsável garantiu que "todos os casos vão ser atendidos". "Ninguém vai deixar de ser atendido, se precisar de ficar internado, fica internado. Se precisar de cuidados intensivos, será tratado como tal", assegurou.
Daniel Ferro acrescentou ainda que o hospital estava dimensionado para seis mil casos de Covid, teve de se adaptar para 10 mil casos. "E agora temos de nos adaptar para 14 mil casos. Isso demora. Esta urgência vai ser ampliada em 20 postos de trabalho, mas só dentro de uma semana está disponível. O espaço que existe está aproveitado ao máximo", declarou.
"Com esta afluência e com este grau de infeção tudo é falível, instalações e até equipas", alertou, sublinhando que pelo facto de o Santa Maria ter a capacidade de receber doentes confluem ali utentes de várias áreas.
Sendo o tempo de espera elevado, o hospital "procura amenizar" a situação, deslocando as equipas médicas às ambulâncias para fazer a triagem médica dos doentes que aguardam, no sentido de prevenir algum caso que não possa esperar tanto tempo.
Mas admite: "O nosso sistema não está preparado para uma situação deste tipo"
"Urgência entupida"
"Neste momento tenho a minha urgência entupida", disse a diretora do serviço de urgência, Anabela Oliveira, acrescentando que a urgência é um enclave que tem duas variáveis. Uma que não consegue controlar, que é afluência de doentes.
A responsável frisou que, neste momento, vai "dar toda a prioridade aos doentes graves", dando conta de uma afluência "elevadíssima" que irá aumentar nos próximos dias. "Nas próximas duas semanas, seguramente, vamos ter uma afluência muito elevada de doentes com patologia moderada a grave, e esses são os primeiros doentes a atender", disse.
A profissional explicou que desde quarta-feira que o hospital tem estado a fazer a triagem nas ambulâncias. "Não é simples. Já estamos numa medicina muito próxima da medicina de catástrofe", rematou.
Portugal contabilizou, nas últimas 24 horas, mais 13.987 novos casos (uma variação de 2,35%) e 234 óbitos - um aumento de 2,42% e um novo recorde - pelo novo coronavírus. Desde o início da pandemia, o nosso país já registou 609.136 infeções e 9.920 óbitos.
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