"Entendemos que tem de acabar este subfinanciamento permanente, que tem levado a estas situações lamentáveis da dívida do Serviço Regional de Saúde a uma instituição que presta um serviço desta natureza", adiantou Clélio Meneses, em declarações à Lusa, à margem de uma reunião com a direção da Casa de Saúde São Rafael, do Instituto de São João de Deus, em Angra do Heroísmo.
O novo Governo Regional dos Açores, da coligação PSD-CDS-PPM, tomou posse em novembro de 2020, sucedendo ao PS, que esteve 24 anos no poder.
Segundo fonte oficial da secretaria regional da Saúde, a dívida dos hospitais às quatro casas de saúde dos Açores (duas em São Miguel e duas na Terceira) ronda os 6,9 milhões de euros, sendo que só à instituição visitada hoje ultrapassa os 800 mil euros.
"Não entendemos que esta instituição, que presta um serviço fundamental, tenha a crédito do Serviço Regional de Saúde, através do Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira, cerca de 878 mil euros a haver. São valores muito grandes para uma instituição desta dimensão", frisou o governante.
Questionado sobre a resolução do problema, Clélio Meneses disse que a intenção do executivo açoriano é reduzir o subfinanciamento existente no setor da saúde durante esta legislatura.
"Há uma aposta no sentido de, nesta legislatura, conseguirmos em quatro anos acabar com uma vergonha que é o subfinanciamento da saúde. Estamos a trabalhar nesse sentido. Não é algo que se consiga em meses, nem se calhar num ano ou dois, mas estamos a trabalhar no sentido de, com os parcos recursos que a região tem em termos financeiros, conseguir ir acabando com este problema estrutural", salientou.
A Casa de Saúde de São Rafael é uma das duas instituições dos Açores que tratam pessoas com adictologias e dependências, um problema que, segundo o secretário regional da Saúde, é "um dos maiores dramas da sociedade açoriana".
"É um drama que não pode ser apenas entendido um dia ou outro por ano, tem de ser atacado em permanência, quer na prevenção, quer no tratamento e é isso que queremos construir, um plano de prevenção eficaz para combater de uma vez por todas o enorme problema que são as dependências dos Açores", avançou.
Já em matéria de saúde mental, Clélio Meneses defendeu que é preciso "um conjunto de estratégicas concertadas com estas instituições" para encontrar "melhores respostas".
"Existe uma comissão coordenadora da saúde mental na região, que está a funcionar, e pretendemos incrementar esse trabalho, sobretudo tendo em conta tudo aquilo que decorrerá da pandemia ao nível da saúde mental", disse.
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