O pai da pequena Valentina acusou, em tribunal, a madrasta Márcia de ser a responsável pelas agressões à criança, que morreu em maio de 2020. Na primeira audiência do julgamento, que decorre esta quarta-feira, Sandro defendeu que deu apenas "umas palmadas" no rabo da menina, revela a TVI24.
Alegando que "nunca agrediu ninguém em casa", o arguido defendeu perante o juiz que confrontou a filha com alegados contactos sexuais na escola e, quando a menina admitiu, lhe deu "umas palmadas". Sandro confirmou ainda que Valentina confessou abusos por parte do padrinho, o que o levou a pôr a menina de castigo.
Sandro disse também que não levou a filha para a casa de banho, onde esta foi queimada com água ferver. O suspeito alega que acordou com gritos da menina e que, quando lá chegou, "a Márcia já estava com a Valentina dentro da água quente. A torneira estava ligada e a Valentina estava lá dentro. (...) Quando cheguei lá, vi que ela estava a começar a desfalecer agarrei-a nos ombros e começou a ter espasmos. Levei-a para a cozinha para debaixo da janela. Ficou sentada ao meu colo, numa cadeira da cozinha".
O acusado culpou ainda Márcia de ter dado "murros em várias partes do corpo" de Valentina, "dois dias antes de a ter posto na água".
Perante o juiz, Sandro disse igualmente, segundo a estação de Queluz, que Márcia deu murros na cabeça de Valentina, apesar de ele ter tentado impedir.
Recorde-se que o casal responde judicialmente pelos crimes de homicídio qualificado, de profanação de cadáver e de abuso e simulação de sinais de perigo em coautoria. O pai da criança de nove anos está ainda acusado de um crime de violência doméstica, segundo o despacho de acusação a que a agência Lusa teve acesso.
Segundo o relatório da autópsia citado pelo Ministério Público, a morte de Valentina "foi devido a contusão cerebral com hemorragia subaracnóidea".
O casal, ainda segundo a acusação, escondeu o corpo da Valentina numa zona florestal, na serra d'El Rei (concelho de Peniche), e combinou, no dia seguinte, alertar as autoridades para o "falso desaparecimento" da criança.
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