"Durante o ano de 2020, penso que a colaboração ficou aquém daquilo que era possível e aquém daquilo que os hospitais privados estavam disponíveis para pôr ao serviço dos portugueses. Quem decidiu, tinha poder para decidir e terá decidido com os elementos que tinha. Quem sou eu para discutir se não decidiu bem, mas a verdade é que nós tínhamos mais capacidade", afirmou Óscar Gaspar, numa conferência de imprensa 'online'.
Para o líder da APHP, essa situação foi evidente na preparação do outono e inverno, quando a Direção-Geral da Saúde (DGS) apresentou em setembro o respetivo plano para esse período.
"Dissemos desde a primeira hora que parecia que era um plano apenas e só SNS. Quando se perspetivava que teríamos um inverno complicado, entendíamos que, em termos de planeamento, os hospitais privados também deviam ser envolvidos. A verdade é que depois, em dezembro, janeiro e fevereiro, quando a situação esteve pior no país e no SNS, os privados responderam afirmativamente e deram tudo o que podiam dar", frisou.
Óscar Gaspar sublinhou que o reconhecimento da importância do setor privado da saúde acabou por chegar "há algumas semanas" pelo primeiro-ministro, quando António Costa disse que a capacidade de diálogo e de trabalho em conjunto tinha sido "extremamente importante", bem como pela ministra da Saúde, Marta Temido, que considerou que os diversos intervenientes do sistema de saúde deveriam trabalhar "ombro a ombro".
E destacou: "Foi a capacidade de nos entendermos e procurarmos soluções que nos permitiu resolver o problema da covid-19 em fevereiro e olhar de forma mais confiante para o futuro".
Com 900 camas contratualizadas com o SNS e que entre janeiro e fevereiro atingiram um pico de ocupação (incluindo 300 doentes covid), o "nível de utilização diminuiu" nas últimas semanas, reconheceu Óscar Gaspar, que adiantou que "neste momento, não há necessidade de os doentes covid do SNS estarem nos hospitais privados". Contudo, rejeitou que haja um benefício para os privados com uma maior 'folga' na ocupação das camas contratualizadas.
"Para afastar qualquer fantasma sobre isso, o SNS contratualiza, mas só paga aquilo que utiliza. Não se pense que contratualizou as 900 camas e está a pagar as 900 camas. O SNS paga de acordo com a utilização que é feita e a necessidade que existe a cada momento", reiterou, sem deixar de lembrar a "pressão imensa" que a pandemia colocou sobre o sistema de saúde.
Já sobre o processo de vacinação dos profissionais dos hospitais privados, que registam mais de 15 mil médicos, mais de sete mil enfermeiros e mais de seis mil auxiliares de ação médica, o presidente da APHP assumiu que houve "altos e baixos", mas disse que o processo evoluiu em março, fruto de um "diálogo positivo" com a 'task force', e que "80% dos profissionais de saúde tidos como prioritários no combate à covid estão vacinados com a primeira dose".
Em Portugal, morreram 16.722 pessoas dos 815.570 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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