Governo rejeita que resultados da sinistralidade se devam só à pandemia
A secretária de Estado da Administração Interna rejeitou hoje que os "bons indicadores da sinistralidade" registados em 2020 estejam todos relacionados com a pandemia, existindo outros sinais que devem ser valorizados.
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País Sinistralidade
"2020 é um ano com indicadores positivos e nem todos estão relacionados com a pandemia e redução da mobilidade. Há outros sinais que devem ser valorizados", afirmou Patrícia Gaspar, na cerimónia de apresentação do Relatório Anual de Sinistralidade a 24 horas e Fiscalização Rodoviária de 2020 da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR).
Segundo o documento, os acidentes rodoviários com vítimas diminuíram cerca de 25% em 2020 face ao ano anterior e os mortos e os feridos graves registaram uma redução de 20%.
A ANSR indica que no ano passado se registaram em Portugal 27.725 acidentes com vítimas, que provocaram 404 mortos, 1.996 feridos graves e 32071 feridos ligeiros.
A secretária de Estado sublinhou que a pandemia de covid-19 "teve um impacto" nestes números, mas "é importante frisar que não se devem só à pandemia".
"É incontornável que num ano em que os portugueses, devido à pandemia, foram levados a estar muito mais tempo em casa é natural que haja menor mobilidade, menos carros na estrada e por essa via a sinistralidade reduziu, mas não é só, temos outros indicadores. No primeiro trimestre já tínhamos sinais de que os indicadores estavam com uma boa tendência", precisou.
Também o presidente da ANSR, Rui Ribeiro, sublinhou que antes do confinamento, em março de 2020, já se verificava uma tendência de diminuição de vítimas mortais e de todos os indicadores de sinistralidade, existindo ainda um outro facto que explica a relação dos números hoje apresentados com a pandemia, que é a quantidade de combustível vendido.
Rui Ribeiro sustentou que "o resultado do confinamento pode medir-se em quantidade de combustível vendido e esse número é relativamente menor do que os indicadores de sinistralidade".
"Em 2020, quando comparada com 2019, verificamos que há uma diminuição da venda de combustível de 14,4%, no entanto verificou-se uma diminuição em acidentes com vítimas de 25,8% e uma diminuição das vitimas mortais e feridos graves de cerca de 20%, ou seja, há uma maior diminuição nos indicadores de sinistralidade quando se compara com a diminuição da venda de combustível", explicou, sublinhando que "efetivamente os resultados de sinistralidade vão além da diminuição da venda de combustível".
O presidente da ANSR ressalvou ainda que só os meses de junho e julho tiveram uma sinistralidade maior quando comparado com 2019.
A secretária de Estado sublinhou também que 404 mortos nas estradas num ano é um número que "continua a não ser aceitável" e frisou que significa, por exemplo, a queda em Portugal de dois aviões todos os anos.
"Morrer na estrada não pode ser uma fatalidade. É algo que temos de continuar a combater, é algo que tem de ser reduzido e é, por isso, que temos a designada visão zero. Sabemos que zero mortos na estrada é um objetivo muito ambicioso, mas é nessa meta que temos de nos fixar", sublinhou.
A ANSR apresentou o relatório de sinistralidade a 24 horas e fiscalização rodoviária relativo a 2020, ano marcado a partir de meados de março com medidas de confinamento para conter a pandemia de covid-19 e com consequências na mobilidade.
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