Após ser conhecida a decisão do Supremo Tribunal Administrativo de suspender a requisição civil decretada pelo Governo para o Zmar, Nuno Silva Vieira, advogado de proprietários de casas no empreendimento turístico, foi entrevistado na antena da TVI24, onde asseverou que a intenção não é "expulsar" os migrantes que lá se encontram.
"As pessoas não estão nas casas dos meus clientes. São casas contíguas, mas não são as casas dos meus clientes, embora a requisição civil abranja, neste momento, todas as casas. E, por isso, avançamos para tribunal", esclareceu o advogado.
Contudo, "a grande preocupação" de Nuno Silva Vieira "são também estas pessoas". "Nós não temos nada contra estas pessoas, pelo contrário. Nós queremos proteger estas pessoas", explicou, acrescentando que "não vão praticar qualquer ato no sentido de retirar estas pessoas".
"Estas pessoas não têm culpa. A providência cautelar é no sentido de mostrar que nós temos razão e de que o complexo turístico Zmar não pode ser totalmente requisitado, particularmente no que diz respeito às casas dos meus clientes", clarificou.
Nuno Silva Vieira foi taxativo: "Não queremos expulsar ninguém. Não queremos que a vida destes migrantes se torne numa tortura. O Governo tem de ter humildade".
A presidência do Conselho de Ministros ainda não foi notificada da providência cautelar interposta pelo advogado de proprietários de casas no Zmar, em Odemira, para suspender a requisição civil do complexo, segundo fonte do MAI. "A presidência do Conselho de Ministros não foi notificada da providência cautelar", disse.
Na sexta-feira da semana passada, recorde-se, o Governo determinou "a requisição temporária, por motivos de urgência e de interesse público e nacional", da "totalidade dos imóveis e dos direitos a eles inerentes" que compõem o complexo turístico ZMar Eco Experience, na freguesia de Longueira-Almograve (Odemira).
Desde que foi determinada a requisição para alojar pessoas em confinamento obrigatório ou permitir o seu "isolamento profilático", os proprietários destas casas têm protestado contra a decisão do Governo.
O primeiro grupo de imigrantes - cerca de 30 - chegou ao complexo hoteleiro pouco depois das 4h00 da madrugada de ontem. Os proprietários criticaram a operação da GNR, que classificam de "desproporcional" e "deplorável".
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