Ramalho Eanes: "Nunca é tarde" para consensos "desde que se queira"
O general Ramalho Eanes defendeu hoje que "desde que se queira" encontrar uma solução de consenso, "é sempre possível ouvir as pessoas, nunca é tarde", após questionado sobre a contestação de antigos chefes militares à reforma das Forças Armadas.
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País Ramalho Eanes
O general e ex-Presidente da República, Ramalho Eanes, foi questionado sobre se ainda há tempo para travar o processo de reforma das Forças Armadas, visto que a proposta de lei do Governo é apreciada no parlamento já na próxima terça-feira.
"Diz-me a vida, como certamente lhe dirá a si, diz-me a experiência, nomeadamente política, que desde que se queira encontrar a boa solução, a solução de consenso, é sempre possível, ouvir as pessoas, nunca é tarde", defendeu o ex-Presidente, que falava aos jornalistas à margem da apresentação do livro "Maria Virgínia e José Fernandes Fafe, Um Casal Que Viveu dos Séculos", na Fundação Mário Soares, em Lisboa.
Em causa estão a propostas de lei Lei de Defesa Nacional e de Lei Orgânica da Organização das Forças Armadas (LOBOFA), que levaram vinte e oito ex-chefes de Estado-Maior dos três ramos, incluindo o general Ramalho Eanes, a assinar uma carta, divulgada hoje, a contestar o processo da reforma das Forças Armadas em curso e a apelar a um debate alargado à sociedade civil.
O general, que ocupou também o cargo de Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA) entre 1976 e 1981, entende que "o assunto é de tal maneira importante, que justificava um estudo prévio da sociedade civil", em que participassem académicos e no qual "obviamente fossem ouvidos os militares, que têm uma grande experiência, "e, naturalmente, que fossem ouvidos os partidos políticos".
Apontando que já teve ocasião de expressar a sua opinião sobre a reforma no Conselho de Estado, Eanes sublinhou a "responsabilidade social" que moveu os chefes militares que subscreveram esta missiva.
"Os meus camaradas entenderam que deviam tomar uma decisão, com a qual eu concordo, porque entendo que ela tem em vista o bom funcionamento de uma instituição estrutural do Estado como as Forças Armadas, e sei que estes camaradas fazem isto por responsabilidade social só, não esperam nada", argumentou.
Ainda assim, o general sublinhou que respeitará a decisão tomada pelo parlamento.
"Estamos à espera de uma decisão do parlamento e obviamente todos, nomeadamente eu, vamos acatar essa decisão porque é uma decisão democraticamente tomada", adiantou.
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