Num 'webinar' realizado no Dia Internacional da Criança Desaparecida, que hoje se assinala, Carlos Farinha avançou que as 1.011 crianças e jovens até aos 18 anos desaparecidas em 2020 representam "um número substancialmente mais baixo" que o registado em anos anteriores, estando esta redução "seguramente" relacionada com a pandemia de covid-19.
Segundo Carlos Farinha, 868 jovens desaparecidos tinham entre 14 e 17 anos, 90 tinham entre 11 e os 13 anos e 53 crianças tinham até 10 anos.
O diretor-nacional ajunto da PJ ressalvou que nestes dados "não estão todas as crianças desaparecidas" em Portugal, faltando muitas vezes os números da PSP e da GNR e defendeu um melhoramento das estatísticas sobre o desaparecimento de crianças e jovens para que exista no país "uma radiografia mais exata sobre o que se passa neste grupo".
Também presente no 'webinar', organizado pela Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas (APCD), a presidente do Instituto de Apoio à Criança (IAC), Dulce Rocha, chamou a atenção para "os grandes fenómenos que estão na origem do desaparecimento" das crianças, como a exploração sexual e tráfico de seres humanos.
Dulce Rocha falou também das "situações chocantes" que passam as crianças e os jovens que fogem das instituições, considerando que "a fuga tem consequências irreversíveis".
"Na maioria dos casos os jovens regressam às instituições passado algum tempo, mas as experiências que vivenciam durante as fugas são muito dramáticas, tornando-os ainda mais vulneráveis. A exploração sexual está muito presente", disse.
Dulce Rocha considerou que deve investir-se na formação dos profissionais para que participem "cada vez mais às organizações da sociedade civil o desaparecimento de qualquer criança, mesmo que haja a ideia de que ela regressará à instituição", uma vez que precisam de acompanhamento personalizado e psicoterapêutico.
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