Matos Fernandes defende reflexão sobre futuro com combustíveis fósseis

O ministro do Ambiente e Ação Climática de Portugal defendeu hoje, em Maputo, uma "reflexão grande" sobre o futuro económico baseado em combustíveis fósseis em Moçambique.

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Lusa
04/11/2021 14:09 ‧ 04/11/2021 por Lusa

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Moçambique

"Moçambique pode estar numa posição que obriga a uma reflexão grande porque uma parte expressiva da aposta que fez em relação ao seu futuro económico, baseado no carvão e agora mais no gás, pode não ser uma aposta num futuro muito alargado no tempo", disse João Matos Fernandes.

O governante português falava durante uma aula aberta subordinada ao tema Cimeira de Glasgow e as suas Implicações para a Transição Energética, ministrada na Universidade Pedagógica de Maputo.

Para Matos Fernandes, o gás vai continuar entre os principais tipos de combustível por décadas, mas o futuro mostra-se virado para as energias renováveis face a uma agenda ambiental cada vez mais ambiciosa para travar o aquecimento global, a subida dos oceanos e a proliferação de eventos meteorológicos extremos.

"O gás vai ser utilizado como combustível seguramente durante décadas, mas eu não nego que a minha vontade é que esse período de tempo seja o mais curto possível, não sou hipócrita perante nenhum de vós", frisou o ministro do Ambiente e Ação Climática.

O governante considerou ainda que Moçambique tem "todo o direito" de exigir mais dos outros países, estando entre os mais vulneráveis às mudanças climáticas, apesar de ter níveis de poluição quase insignificantes.

"Países como Moçambique têm todo o direito de exigir dos outros, porque sofrem sem culpa", frisou.

O governante português considera que o país tem um enorme potencial para produção de energias renováveis, apontando a capacitação e a formação como essenciais.

Embora com baixos níveis de poluição, Moçambique, com uma costa de cerca de 2.700 quilómetros, está entre os países mais vulneráveis às mudanças climáticas, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais.

Este contexto coloca o país entre os mais interessados no alcance das metas do acordo de Paris para travar o aquecimento global, a subida dos oceanos e a proliferação de eventos meteorológicos extremos, mas os desafios são enormes face aos altos índices de pobreza e a ambição de alcançar uma economia industrializada, num momento em que alguns combustíveis fósseis continuam entre os principais produtos de exportação (como o carvão e o gás).

A 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP 26) decorre desde 31 de outubro e até 12 de novembro para atualizar as metas dos países que assinaram o acordo de Paris.

O sucesso da cimeira dependerá de serem fixados objetivos mais ambiciosos em cada país e de se garantir o financiamento necessário para ajudar os países mais pobres a fazerem as suas próprias transições para economias menos poluentes e para se adaptarem aos efeitos das alterações climáticas.

O objetivo fixado em Paris é limitar até ao fim do século o aquecimento global a 1,5 graus centígrados em relação à era pré-industrial.

Leia Também: COP26: PM australiano defende aposta em novas tecnologias

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