"Não estamos a pedir a sua recusa nesta fase", disse o advogado Sean Kelly ao magistrado sul-africano Rajesh Parshotam logo no início da sessão de hoje - em que defesa e acusação expuseram argumentos a favor e contra a libertação sob caução, acrescentando: "Sabemos que não está envolvido".
"É de facto chocante que estas cosas aconteçam", reagiu Parshotam, agradecendo à equipa de defesa por denunciar o caso.
"Obviamente, a polícia vai investigar a referida pessoa e tomar as medidas necessárias", concluiu.
Sean Kelly leu a partir do telemóvel a mensagem que a sua advogada instrutora, June Marks, disse ter recebido.
O autor identifica-se como Sifiso, funcionário do tribunal de magistratura de Pinetown, arredores de Durban.
"Venho em nome do 'seu' juiz, para manter as coisas profissionais entre vós: face à pressão do governo para deter o vosso cliente, esta é a única tábua de salvação que ele tem e fiquem contentes de estar em Durban", disse.
"Na cidade, quem tem dinheiro suficiente, pode abrir o seu caminho", acrescentou, concluindo a mensagem.
"A minha advogada [instrutora], June Marks, disse que ia aprestar queixa à polícia", referiu, sustentando que a colega "tinha o dever de informar a procuradoria", o que também já tinha feito.
O procurador na sala, Naveen Sewparsat, não levantou objeções à exposição do advogado de Rendeiro, que ficou registada que ocupou três minutos e meio no início da sessão e ficou encerrado.
O magistrado Rajesh Parshotam vai anunciar na sexta-feira às 09:00 (menos duas horas em Lisboa) a decisão sobre o pedido de liberdade sob caução do ex-banqueiro.
Hoje, o magistrado ouviu durante cerca de três horas os argumentos da defesa, que propõe a libertação em troca de 40.000 rands (2.187 euros), e do ministério público sul-africano, que se opõe.
O ex-banqueiro João Rendeiro foi preso a 11 de dezembro, num hotel em Durban, na província sul-africana do KwaZulu-Natal, numa operação que resultou da cooperação entre as polícias portuguesa, angolana e sul-africana.
João Rendeiro estava fugido à justiça há três meses e as autoridades portuguesas reclamam agora a sua extradição para cumprir pena em Portugal.
O ex-presidente do extinto Banco Privado Português (BPP) foi condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do banco, tendo o tribunal dado como provado que João Rendeiro retirou do banco 13,61 milhões de euros.
O colapso do BPP, em 2010, lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado.
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