O novo bastonário, eleito com 65% dos votos nas eleições de sábado para a OF, afirmou, em declarações à agência Lusa, que a colaboração da rede de farmácias comunitárias já demonstrou "ser fundamental" na vacinação da gripe, "não havendo razão nenhuma para afastar, ignorar este potencial".
"Hoje, com a maioria de razão, não faz sentido absolutamente nenhum afastar o potencial que é oferecido pelos farmacêuticos comunitários, através das farmácias comunitárias distribuídas pelo país todo, de um processo de vacinação que nada tem, do ponto de vista técnico e de segurança, de diferente da vacinação da gripe", defendeu o antigo presidente do Infarmed.
No seu entender, "um dos erros da gestão da pandemia foi a proatividade com que se afastou esta rede de cuidados de saúde no combate à pandemia".
"É claro que depois demonstrando-se a necessidade de a incluir, foi sendo incluída, nomeadamente nos testes, não ainda na vacinação, mas eu acho que não é uma boa prática de gestão de recursos afastar estruturas e profissionais que podem ajudar a gerir melhor esta situação", insistiu.
Além da realização nas farmácias dos testes rápidos de antigénio para deteção da infeção pelo vírus SARS-CoV-2, destacou o papel dos farmacêuticos analistas clínicos que "nunca pararam" e tiveram um "trabalho extraordinário" em toda a componente de rastreio e diagnóstico da covid-19.
Mas, para Helder Mota Filipe, o potencial de ajuda dos farmacêuticos pode ser "muito maior", mas para isso necessita de um conjunto de alterações.
"São alterações formais e vontade política para que os farmacêuticos possam desenvolver mais serviços, mais atividades e a Ordem tem um papel importante no desenvolvimento de conhecimentos e competências que permitem desenvolver esses serviços", defendeu.
Exemplificou que os farmacêuticos comunitários podiam renovar da prescrição em doentes crónicos que têm de ir ao centro de saúde apenas para pedir a renovação das receitas e depois ir lá buscar, o que "poderia ser feito e pode ser feito, e noutros países é feito, por farmacêuticos comunitários".
Para isso, é fundamental a partilha de dados clínicos relevantes do doente para a prestação destes serviços, defendeu o também presidente da Associação de Farmacêuticos dos Países de Língua Oficial Portuguesa.
Defendeu ainda a criação de mecanismos de comunicação entre os farmacêuticos comunitários e as diferentes áreas dos cuidados de saúde, para haver "verdadeiramente a prestação de cuidados de proximidade, com a qualidade adequada, evitando que o doente tenha que andar de um dos serviços para os outros apenas porque os serviços não comunicam uns com os outros".
Para Helder Mota Filipe, o desenvolvimento destes serviços "seriam úteis para os doentes, mas também úteis para retirar a pressão ao próprio Serviço Nacional de Saúde".
Leia Também: AO MINUTO: OMS insiste na origem; Coreia do Sul passa milhão de casos