Meia centena manifesta-se no Porto com o lema 'Stop Putin'
"Stop Putin" e "Ucrânia independente" são algumas das frases nas faixas e cartazes que cerca de meia centena de pessoas exibem hoje no Porto, numa manifestação em defesa da Ucrânia, da Europa, e dos valores democráticos.
© Lusa
País Ucrânia
Organizada pela Associação dos Ucranianos em Portugal, a concentração decorre em frente ao Consulado da Federação Russa, na Avenida da Boavista, onde a entrada está "forrada" de cartazes e bandeiras com as cores da Ucrânia.
Daria Yakovets veio ao Porto com os pais porque está "muito preocupada" com a situação do país natal da família. A jovem nasceu em Portugal, onde diz sentir-se "muito bem", mas quer "ter a certeza de que poderá continuar a visitar a Ucrânia" como tem vindo a fazer.
"A [possível] invasão é injusta", disse Daria Yakovets à agência Lusa.
Ao lado, o pai, Victor Yakovets, que está em Portugal há mais de 20 anos por razões profissionais, diz-se "mentalizado" de que o presidente russo "não vai recuar" e que "a guerra começará".
A família veio de Águeda esta manhã para marcar presença numa manifestação que acontece hoje por ter sido neste dia, em 2014, em Kiev, que foram "assassinadas dezenas de pessoas que se manifestavam contra o regime do presidente pró-russo Yanukovich", descreve a organização.
Em causa está, acrescenta a associação, "a mesma data em que as tropas russas começaram ocupar a Crimeia, dando início à nova guerra russa contra a Ucrânia".
"A situação é muito complicada. Temos muito medo que a guerra comece. A Ucrânia é independente há 30 anos. Porque é que ele [referindo-se a Vladimir Putin] quer voltar a invadir-nos? Ele quer voltar à União Soviética. A Rússia é um país agressivo. Estou muito preocupada com os meus familiares que vivem lá", descreveu, por seu lado, Ludmila Stotska, que vive em Portugal há 12 anos.
Ao longo da concentração ouviram-se palavras de ordem em ucraniano como "Viva Portugal", "Paz à Ucrânia" e "Não à guerra".
"Estamos cá para mostrar a todos os portugueses que a Ucrânia está em grande perigo. Estamos em guerra com Rússia e com Putin há oito anos. Isto não começou agora. Estamos a mostrar aos portugueses que não são só os ucranianos que vão ter dificuldades, mas todo o mundo. Ele [referindo-se a Vladimir Putin] é muito perigoso. È um grande agressor", explicou Alyona Smertina da Associação dos Ucranianos em Portugal.
Ao lado, numa das pontas de uma bandeira amarela e azul -- cores da Ucrânia -- Oleksandra Zadorozhna, que vive no Porto com o marido há 21 anos e tem na Ucrânia dois filhos, três netos e uma bisneta, chora de mão no peito enquanto canta o hino nacional ucraniano.
"Quando a União Soviética se separou ficamos sem trabalho e muito mal. Viemos nós para cá para podermos ajudar os nossos lá. Queríamos uma vida melhor para eles, para os nossos, para quem lá está e corre um risco enorme. Esta guerra tem anos. Agora dizem que vai começar, mas já começou. Sofremos há muitos anos", disse Oleksandra Zadorozhna.
O Ocidente e a Rússia vivem atualmente um momento de forte tensão, com o regime de Moscovo a ser acusado de concentrar pelo menos 150.000 soldados nas fronteiras da Ucrânia, numa aparente preparação para uma potencial invasão do país vizinho.
Moscovo desmente qualquer intenção bélica e afirma ter retirado parte do contingente da zona.
Entretanto, nos últimos dias, o exército da Ucrânia e os separatistas pró-russos têm vindo a acusar-se mutuamente de novos bombardeamentos no leste do país, onde a guerra entre estas duas fações se prolonga desde 2014.
Os observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) anunciaram no sábado ter registado em 24 horas mais de 1.500 violações do cessar-fogo na Ucrânia Oriental, número que constitui um recorde este ano. Além do Porto, estavam agendadas para hoje concentrações idênticas em Lisboa e em Loulé.
Leia Também: Ucrânia: Mais de uma centena protesta em Lisboa pelo fim do conflito
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com