Ao sair da cerimónia de assinatura de autos de transferência, no âmbito do processo de descentralização de competências para as autarquias, esta segunda-feira, a ministra da Saúde, Marta Temido, falou aos jornalistas sobre a fraca adesão dos maiores de 80 anos à segunda dose de reforço da vacina contra o SARS-CoV-2.
"Estamos muito preocupados com a proteção dos mais vulneráveis. Sempre dissemos, desde do princípio, que essa era a nossa maior preocupação e o foco da nossa ação", referiu a ministra.
E informou que "iniciámos a administração da quarta dose quando os números epidemiológicos e a comissão técnica assim o indicaram, dia 16 de maio". Depois disso, "desde então (pouco mais de 15 dias), foi possível vacinar já todas as estruturas residenciais para idosos que eram elegíveis".
Ou seja, segundo a ministra, nos centros onde não havia surtos, foram vacinados mais de 2.000 utentes, estando agora a apostar-se "nos maiores de 80 que têm autonomia para se deslocar ao centro de saúde".
"Foi possível atingir, este fim de semana, mais de 200 mil vacinados nestas faixas etárias" refere a ministra. Porém, sabe-se que "esta população é a mais difícil de vacinar, por questões associadas à mobilidade, à necessidade de apoio, muitas vezes, da família ou das estruturas dos municípios para se deslocarem".
"O nosso objetivo é termos este grupo vacinado o mais rapidamente possível e garantidamente este mês", sublinha.
Recorde-se que numa nota enviada às redações, a DGS detalha que 205.521 pessoas já receberam a dose adicional e que todas as Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI) elegíveis já foram visitadas.
Os cidadãos com 80 ou mais anos têm estado a ser convocados por agendamento local ou através de mensagem (SMS) ou chamada telefónica, estando a vacinação a decorrer em centros de vacinação ou nos centros de saúde.
De acordo com a DGS, estão ainda a "ser convocados todos aqueles que ainda não fizeram a primeira dose de reforço e se encontram elegíveis".
Campanha de vacinação de outono pode já incluir vacinas adaptadas
Sobre as vacinas de nova geração (vacinas adaptadas à variante Ómicron do SARS-CoV-2), a governante diz que "de facto o nosso país - como outros - está também nos países que vão receber vacinas adaptadas, resta saber o resultado dos ensaios clínicos".
"Se essas vacinas adaptadas estiverem disponíveis para a campanha de outono, faremos a campanha de outono, em função, naturalmente, de uma validação técnica e clinica", disse hoje aos jornalistas Marta Temido em Penafiel, no distrito do Porto.
Frisando não querer "nem condicionar nem estar aqui a precipitar" as análises necessárias, a ministra vincou que caso seja possível a campanha de outono será feita "com base nessas vacinas".
"Resta saber quais são os resultados dos ensaios clínicos com essas vacinas, porque essas vacinas adaptadas apenas agora em junho iriam entrar em ensaios clínicos, e portanto nós precisamos de perceber os resultados desses ensaios para, no fundo, perceber a sua eventual vantagem", sustentou.
A ministra referiu que Portugal está envolvido no processo de compra das vacinas adaptadas, que a Agência Europeia dos Medicamentos (EMA) anunciou na quinta-feira poderem ser aprovadas em setembro.
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