"Parece que os bebés por nascer recuperaram os seus direitos nos EUA! A natureza está a recuperar!", escreveu no Linkedin Miguel Milhão, fundador da Prozis.
A posição é defendida a propósito da notícia de que o Supremo Tribunal dos Estados Unidos acabou esta sexta-feira com o direito ao aborto - uma decisão polémica que acaba com meio século de proteções constitucionais.
A publicação rapidamente se tornou viral, com muitas vozes a insurgirem-se não só contra Milhão, mas também contra as e os influencers que mantêm parceria com a marca. Ao Notícias ao Minuto, o empresário mantêm a posição, defendendo que se trata de uma tentativa de silenciamento.
Rita Belinha, influencer e repórter na RTP, foi uma das primeiras influencers a anunciar que vai terminar o vínculo com a Prozis. Ao Notícias ao Minuto, conta que mantinha parceria com a marca há mais de um ano e que antes de publicar no Instagram, enviou "um e-mail à gestora da parceria a informá-la da decisão".
"Acho que a opinião do fundador é demasiado grave e totalmente desrespeitadora das mulheres e dos direitos que temos vindo a conquistar ao longo das últimas décadas", assevera.
Patrícia Claro, influencer portuguesa, também já se pronunciou publicamente - apesar de não manter parceria com a marca. "O boicote à marca seria o ideal para o Miguel perceber que as pessoas têm direito a escolher o que querem na vida delas, incluindo se querem ou não consumir uma marca com os princípios éticos da Prozis", escreveu no Instagram.
Marta Melro, atriz, já veio dizer que deixou de ser embaixadora da Prozis. Tânia Argent, influencer, também se demarcou da marca. O mesmo caminho seguiu a página Laranja Lima Nutrição, que explicou aos seguidores nao poder ficar indiferente, principlalmente depois de ser mãe. Sofia Manuel, conhecida como A Tripeirinha, foi outra influencer a anunciar ter-se desvinculado da marca.
A atriz Diana Monteiro - embaixadora há 6 anos - publicou um vídeo no qual explicar que os seus valores falam mais alto, anunciando assim o término da parceria.
Em declarações ao Notícias ao Minuto, o fundador da Prozis defende-se das críticas: "Vejo comentários positivos e negativos. Pena a maior parte dos comentários negativos terem como o objetivo silenciar a minha opinião. Não me parece nem justo nem democrático".
Questionado sobre se defenderia o mesmo para Portugal, Milhão diz que já não vive no nosso país, pelo que um caminho semelhante ao dos Estados Unidos cabe aos "portugueses decidir".
"Gosto de ver os direitos das crianças que ainda não nasceram a ser tido em conta", reitera.
Nas redes sociais, as críticas acumulam-se.
Quando os corpos das mulheres só te interessam para venderes proteína whey e manteiga de amendoim. pic.twitter.com/KAz2qS0TUQ
— Maria Escaja (@mariaescaja) June 27, 2022
E se na Prozis queres ser cá da malta, tens que levar a gravidez até ao fim, até ao fim! (pode ser o teu fim mas o que interessa é defender os bebés não nascidos ). Bem-estar das Mulheres? Só para fazer parcerias obrigado! pic.twitter.com/Osm5qkXc1z
— Ana Castro Sanches (@aninhasmcs) June 27, 2022
Então o cobarde fundador da Prozis, um tal de Miguel Milhão, preferiu apagar a conta do LinkedIn do que enfrentar opiniões a favor do direito ao aborto no Mercado Livre das Ideias.
— Tiago Toledo 🇺🇦 (@TiagoJRToledo) June 27, 2022
So much for the Tolerant Libs.
Não podemos dizer que a Prozis tenha alguma vez escondido por que valores se rege, mas fica agora claro que, uma marca que usa mulheres para se promover, não lhes respeita o corpo e lhes reconhece os direitos. pic.twitter.com/Dh6lUQBb7n
— Susana C. Fernandes (@suffernandes) June 27, 2022
No Instagram, a marca desativou a possibilidade de deixar comentários nas publicações.
Miguel Milhão fundou a Prozis em 2006, com 23 anos. Hoje a marca é líder na área do retalho da nutrição desportiva.
[Notícia atualizada às 08h02 do dia 28 de junho]
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