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Oceanos. WWF faz balanço positivo da cimeira apesar de "palavras vazias"

A associação ambientalista ANP/WWF faz um balanço positivo da Conferência dos Oceanos da ONU (UNOC) que hoje terminou em Lisboa mas reforça a necessidade de haver mais investimento no restauro e condena as "palavras vazias, sem ação concreta".

Oceanos. WWF faz balanço positivo da cimeira apesar de "palavras vazias"
Notícias ao Minuto

17:53 - 01/07/22 por Lusa

País Oceanos

Catarina Grilo, diretora de Conservação e Políticas da Associação Natureza Portugal, que trabalha com a internacional World Wide Fund for Nature (WWF), num balanço à agência Lusa, considerou o mais negativo da conferência "as palavras vazias, sem ação concreta", e entre o mais positivo o facto de a Colômbia ter anunciado na UNOC que vai proteger 30% dos seus mares já a partir de 2023.

Positivo também, disse, o lançamento da aliança contra a mineração em mar profundo que junta Palau, Samoa e Fiji

Fiji, Palau e Samoa, que já haviam declarado moratórias à mineração em mar profundo nas suas águas, anunciaram uma aliança de países que apela a uma moratória global.

A ANP/WWF apela, por sua vez, ao Governo português para que decrete também uma moratória à mineração no mar profundo português e hoje, com mais cerca de 30 outras organizações, lançou uma petição nesse sentido.

"Há interesse crescente da indústria mundial em explorar os fundos oceânicos para explorar metais e minerais como cobalto, lítio e níquel, o que teria um impacto destrutivo nos ecossistemas e biodiversidade no fundo do mar, com possíveis efeitos colaterais sobre a pesca, meios de subsistência e segurança alimentar, comprometendo os ciclos de carbono e nutrientes dos oceanos", avisa a associação num comunicado de balanço da UNOC.

E acrescentou Catarina Grilo: "Permitir que o fundo do mar português, tão rico em biodiversidade e ecossistemas únicos como as fontes hidrotermais dos Açores, seja alvo desta atividade destrutiva vai em contraciclo com os compromissos assumidos por Portugal durante a Conferência dos Oceanos relativamente à conservação da biodiversidade e ao papel do oceano na regulação do clima."

Em relação à conferência que hoje termina a responsável da ANP/WWF notou também à Lusa que muito dos compromissos anunciados na UNOC foram "coisas que os países já deviam ter feito", e exemplificou com Portugal, que "anunciou como compromisso ter 100% das suas águas em bom estado ambiental até ao final de 2030", quando "era o que era suposto ter feito no âmbito da diretiva quadro marinha".

De positivo fica o facto de Portugal se ter comprometido a desenvolver um plano de ação para a gestão e conservação de tubarões e raias, algo que a ANP/WWF já pede desde 2021, destacou.

A propósito de a conferência não produzir decisões vinculativas, a responsável disse que a iniciativa da ONU organizada por Portugal, em conjunto com o Quénia, permite o encontro de pessoas e organizações para se avançar "no entendimento sobre os diferentes assuntos em discussão" e para o lançamento de novos compromissos e o anúncio de novas ações.

E "dar um novo embalo para aquilo que ainda resta para fazer para assegurarmos a saúde dos nossos oceanos e também a nossa saúde", disse.

Em comunicado, Ângela Morgado, diretora executiva da ANP/WWF, considera que o restauro da natureza e do oceano "deve ser a prioridade", porque agora "é o tempo de restaurar e não de destruir".

O diretor-geral da WWF, Marco Lambertini, também citado no documento, considera igualmente que "restaurar a saúde dos oceanos requer ação urgente a todos os níveis e de todos os setores -- local a global" e diz que não há tempo "para mudanças incrementais", porque "o oceano, o clima e as comunidades costeiras em todo o mundo precisam de progresso real, e não de promessas, no que toca à saúde do oceano".

Em relação a Portugal a diretora da ANP/WWF salientou como positivo os compromissos assumidos de expandir a proteção dos ecossistemas marinhos e costeiros e proteger os bens comuns do oceano, como o mar profundo, contra ameaças emergentes.

Ângela Morgado saúda o compromisso de Portugal proteger 30% das áreas marinhas até 2030, mas diz que as áreas que já existem "continuam sem planos de gestão, nem meios ou recursos humanos e económicos para fiscalização, gestão, monitorização e efetiva salvaguarda".

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