Dos 300 emigrantes e lusodescendentes abrangidos por este inquérito, 61% disse confiar no processo eleitoral, tal como é organizado hoje, "nos termos da lei, para os portugueses residentes no estrangeiro", contra 40% que responderam que não confiavam no mesmo.
Além disso, "90,4% dos inquiridos é favorável ao voto eletrónico", por causa da dificuldade de votação nas Comunidades Portuguesas, distância das mesas de voto, boletins de voto postais que não chegam, ou chegam fora de prazo, ou ainda que não vão com aviso de receção, refere-se no relatório do inquérito, promovido pela Sedes - Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, inserido no âmbito das atividades desenvolvidas pelo Observatório das Comunidades Portuguesas da organização.
Os restantes inquiridos afirmaram ter dúvidas sobre o voto eletrónico, por questões de segurança, receios de fraude e de ser dificilmente auditável.
Outro dado relevante do resultado do inquérito é o facto de 76% dos inquiridos ter manifestado a vontade de poder votar para a sua autarquia de origem, onde têm residência secundária ou alguma atividade comercial.
No que respeita ao atendimento e apoio dos consulados portugueses na área onde residem, 73% dos inquiridos queixou-se da falta de celeridade das redes consulares e 56% considera que a rede consular não é eficaz.
Este inquérito, que se insere no âmbito das atividades desenvolvidas pelo Observatório das Comunidades Portuguesas, abrangeu 300 portugueses residentes no estrangeiro, 60% dos quais com idades compreendidas entre os 40 e 65 anos e 26% entre os 26 e os 40 anos.
Quanto ao período de emigração dos inquiridos, 40,5% são oriundos da nova vaga de emigração e 18% emigraram nos anos 1960/1970. Já 11,3% dos inquiridos são lusodescendentes.
Dos resultados do inquérito ressalta ainda que 75% dos emigrantes ou lusodescendentes inquiridos vota nas eleições presidenciais, 76% vota nas legislativas e 62% nas europeias.
Mas, só 25% vota nas eleições para o Conselho das Comunidades Portuguesas e metade (50%) até desconhece que este é o órgão representativo dos interesses dos portugueses residentes no estrangeiro e consultivo do Governo português.
A coordenadora do inquérito, Christine de Oliveira, disse, em maio, à agência Lusa que este iria permitir "trazer um saber mais científico e menos empírico a questões que se colocam há vários anos".
O inquérito assume uma relevância maior após o anterior ato eleitoral, as legislativas de 30 de janeiro, que foram repetidas no círculo da Europa, após irregularidades com os boletins de voto da emigração.
O objetivo do estudo, afirmou na altura Christine Oliveira, foi "trazer uma base científica o mais abrangente possível, de preferência com respostas válidas de todos os continentes".
Segundo o relatório do Observatório da Emigração, apresentado em 2021, e de acordo com estatísticas das Nações Unidas, em 2019 existiam cerca de 2,6 milhões de portugueses emigrados.
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