Passar por um incêndio também tem efeitos psicológicos. Eis algumas dicas
Saiba o que pode fazer nestes casos e como ajudar crianças e adolescentes.
© Reuters
País Incêndios
Neste momento mais difícil que o país enfrenta devido aos incêndios florestais, a Ordem dos Psicólogos Portugueses lembra que há respostas imediatas normais a estes eventos como “choque e negação” e que é normal que surjam sinais físicos como “dores de cabeça, náuseas e dificuldades em dormir”. Desta forma, lembra, com base no documento ‘Como lidar com uma Catástrofe Natural’, o que podem fazer as pessoas nestes momentos ou como ajudar os mais novos a lidar com estas situações.
A Ordem lembra que o documento, criado em conjunto pela Ordem dos Psicólogos Portugueses e pela Direção-Geral da Saúde (DGS), alerta que é normal que nos possamos “sentir mais irritáveis do que o habitual” nestas situações e que num incêndio os padrões de pensamento e comportamento podem ser afetados, levando a “memórias vividas e repetidas” do fogo, que podem “ocorrer a qualquer altura” e levar a reações físicas, como o coração acelerado.
“Podemos sentir-nos particularmente ansiosos ou nervosos, assustados, angustiados ou mesmo muito tristes. Os nossos padrões de pensamento e comportamento são afetados. Podemos sentir dificuldades de concentração ou em tomar decisões. Podemos dormir e comer pior. Podem ainda surgir sinais físicos, como dores de cabeça ou náuseas. E ainda dificuldades em dormir”, alerta.
Assim, fique com alguns conselhos do documento, listados pela Ordem dos Psicólogos.
O que podemos fazer?
- Aceitar que as emoções intensas são parte da resposta normal e universal ao impacto emocional e ao stress causado pelo incêndio. Pode parecer melhor ignorar ou evitar experienciar emoções dolorosas, mas elas existem quer lhes prestemos atenção ou não. Por muito dolorosas que sejam, para que os sentimentos intensos passem e diminuam é preciso dar espaço para expressá-los, sozinhos ou junto de outro adulto ou de um profissional especializado, como o caso do psicólogo ou de outro profissional de saúde.
- Dar tempo a nós próprios para nos adaptarmos e fazermos o luto pelas perdas que tivemos, materiais, emocionais ou a perda de um ente querido.
- Pedir o apoio e a ajuda da família e dos amigos, assim como de profissionais ou de grupos de apoio social e organizações, se for necessário. O isolamento não é saudável.
- Dormir bem, comer bem, fazer exercício (mesmo que seja a última coisa que nos apeteça) também é importante para a saúde e o bem-estar psicológico, assim como fazer atividades que nos ajudem a relaxar.
- Partilhar emoções com outras vítimas do incêndio. Voltar à rotina e às atividades habituais (ou estabelecer novas rotinas).
- Minimizar a nossa exposição às reportagens dos media (televisão, internet, rádio, jornais) sobre o impacto devastador do incêndio. É importante mantermo-nos informados, mas a sobreexposição às notícias do incêndio podem causar ainda mais stress e sofrimento.
E no caso das crianças e adolescentes?
O documento alerta que o medo e a preocupação com a sua segurança e a segurança dos outros, o medo de serem separados dos familiares, ficarem mais agitados e chorarem facilmente, terem dificuldade em concentrarem-se, isolarem-se dos outros e ficarem zangados e “fazerem birra” são algumas reações comuns.
Podem ainda tornar-se mais agressivos com os pais, irmãos ou amigos e terem queixas físicas, como dor de cabeça ou dor de barriga, terem mudanças no desempenho escolar e dificuldades em dormir ou pesadelos.
Como é que os pais ou cuidadores podem ajudar?
As crianças e adolescentes lidam melhor com os desastres naturais quando compreendem o que se está a passar. Os pais ou cuidadores devem passar algum tempo a falar sobre o incêndio com a criança ou adolescente, deixando-os saber que podem colocar questões e partilhar as suas preocupações e fazendo-os saber que as suas reacções (o que estão a pensar e a sentir) são normais.
No caso das crianças mais novas, para que se sintam mais seguras e calmas após conversarem sobre o incêndio, os pais ou cuidadores podem ler-lhe a sua história preferida ou fazer uma actividade calma em família.
Mantenha a criança ou adolescente perto de si e sempre que sair diga-lhe onde vai e quando regressará.
E tenha atenção à forma como conversam sobre o incêndio na presença das crianças e adolescentes, uma vez que estes podem interpretar mal o que ouvem e ficar desnecessariamente assustados.
Consulte aqui o documento na íntegra.
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