A bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, justificou à agência Lusa esta posição com a falta de evidência científica de que "medidas isoladas" como o aumento do preço de alimentos considerados nocivos para a saúde, por via de impostos, leve à redução da sua procura.
Na terça-feira, a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, admitiu, na conferência de imprensa no final do Conselho de Ministros, que o Governo pode vir a aplicar taxas a produtos com efeitos nocivos para a saúde.
Hoje, em declarações à Lusa, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, assumiu que esta pode ser uma das vias para ajudar a resolver a acumulação de dívidas dos hospitais em termos estruturais.
"Iremos primeiro estudar as experiências dos diferentes países, depois iremos ver o que tem mais impacto em termos de saúde pública e depois o que poderá significar em termos de receita destinada aos hospitais. Temos até outubro para estudar estas medidas e tomar decisão sobre o que deve ser adotado", assinalou o ministro, que falava à Lusa no final de um encontro com representantes das farmácias.
Alexandra Bento entende que a taxação de produtos que fazem mal à saúde - que tenham, por exemplo, excesso de sal, açúcar e gorduras - deve ser acompanhada de subsídios para alimentos saudáveis pouco consumidos, como as frutas e os legumes, e de campanhas de "aumento da literacia" alimentar.
A bastonária lembrou que, na Dinamarca, a taxação de produtos com gorduras saturadas "não teve impacto em termos da saúde" e defendeu que em Portugal deveria ser um grupo de trabalho a estudar quais os bens alimentares, e respetivas quantidades, a serem abrangidos por um imposto.
Para Alexandra Bento, a receita obtida com o aumento do preço desses bens deveria ser canalizada para as campanhas de educação alimentar, para a "aposta na prevenção", e não para ajudar a saldar dívidas dos hospitais.
A Ordem dos Nutricionistas revelou-se disponível "para auxiliar neste processo" a tutela.