Castro Marim teme cortes de água no próximo verão caso não chova
O presidente da Câmara de Castro Marim está "muito preocupado" com a seca que atinge o Algarve e o Baixo Guadiana, temendo que caso não chova no próximo ano haja "cortes substanciais" no abastecimento de água.
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País Seca
Em declarações à Lusa, Francisco Amaral classificou como "preocupante" a situação das reservas de água da barragem de Odeleite, que, com a do Beliche, abastece o sotavento (este) do Algarve, e estimou que a água disponível neste momento só garante o abastecimento para um ano, caso a situação de seca e os registos de pluviosidade não melhorem.
"Penso que temos água para um ano, agora, imagine-se que este inverno não chove: eu penso que vai haver cortes substanciais no próximo verão e acho que a economia do Algarve corre riscos", alertou o autarca, que cumpre o terceiro mandato à frente do município, depois de cinco como presidente da Câmara de Alcoutim.
Francisco Amaral teceu críticas aos decisores políticos pela "demora" na resposta a uma "situação de emergência" como a que a seca está a criar em Portugal, e no Algarve, apelando para que sejam adotadas com rapidez as soluções destinadas a aumentar as reservas de água.
"Para acharmos a localização da central de dessalinização [prevista para a região] estamos há um ano nisto. Começámos com cinco ou seis possibilidades, agora vamos em duas, e ainda não se achou a localização. Isto é tudo muito, muito lento - é o projeto, o anteprojeto, depois o Estudo de Impacte Ambiental - e eu não vislumbro que, nos próximos três a quatro anos, possa haver uma central de dessalinização", referiu.
O presidente da Câmara de Castro Marim deu também o exemplo da "conduta de água do Pomarão [no concelho de Mértola] para a barragem de Odeleite", considerando que esta alternativa também "vai levar anos" até estar a funcionar.
Francisco Amaral defendeu a necessidade de haver um "mecanismo de emergência" que permita responder com mais celeridade à gravidade desta seca e voltou a defender a construção de uma barragem na ribeira da Foupana, outro afluente do rio Guadiana, situado a norte da ribeira e barragem de Odeleite.
"O anterior ministro do Ambiente [João Pedro Matos Fernandes] era figadalmente contra as barragens e ainda estou para perceber porquê, acho que há um bocadinho de fundamentalismo ambiental no meio disto tudo", opinou.
Segundo Francisco Amaral, o "caudal da ribeira da Foupana é idêntico ao de Odeleite" e "se houvesse outra barragem, estava o problema mais ou menos resolvido", argumentou.
Por outro lado, as alterações climáticas provocam chuvas intensas e a criação de uma nova estrutura de retenção garantiria que "a água não se perdia para o mar", justificou.
Também o presidente da Câmara de Alcoutim, que partilha o território serrano do nordeste algarvio com Castro Marim, se mostrou favorável à construção de uma nova barragem na ribeira da Foupana para "aproveitar a maior pluviosidade que se tem feito sentir nessa zona do Algarve nos últimos anos".
"Fui talvez dos primeiros a falar desta solução da barragem da Foupana e tenho feito um percurso de afirmação de que essa barragem seria fundamental para alargar a disponibilidade de água a mais território do nordeste algarvio", afirmou Osvaldo Gonçalves, em declarações à Lusa.
Uma nova barragem na Foupana permitiria ainda "beneficiar freguesias que não são abrangidas pelo perímetro de rega de Odeleite, mas, mais importante que isso, funcionaria como adutor para transportar água da Foupana para dentro da bacia de Odeleite", justificou.
Osvaldo Gonçalves posicionou-se "claramente a favor da criação de outra barragem, mesmo sabendo que há opiniões contrárias" de ambientalistas, porque "se não se aproveitar a pouca água que cai, vai-se entrar cada vez mais em défice" na água disponível para consumo.
"Sou favorável a que olhemos novamente para a barragem da Foupana", reiterou, pedindo "mais celeridade" na criação de soluções como a dessalinizadora, que "já devia estar em curso em vez de se estar ainda a decidir onde deve ser feita".
A instalação de uma estação de dessalinização na região está entre as medidas previstas no Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve, para o qual estão destinados 200 milhões de euros provenientes do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
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