Morte de grávida "não tem nada a ver com contingências" nos hospitais
Diretora do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Santa Maria afirmou que a paragem cardiorrespiratória não era algo "previsível ou expectável".
© Global Imagens
A diretora do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Santa Maria, Luísa Pinto, rejeitou, esta segunda-feira, que a morte de uma grávida de cerca de 30 semanas durante uma transferência entre hospitais esteja relacionada com as "contingências" sentidas nos serviços de urgência nos últimos meses.
Em declarações à CNN Portugal, a responsável explicou que o “diagnóstico da grávida tratava-se de uma situação de pré-eclâmpsia”, que “foi estabilizada pelas medidas clínicas habituais”. No entanto, “uma vez que nestas situações pode haver um agravamento” do estado de saúde da mãe ou do feto e, já se tendo “constatado que era um feto com restrição de crescimento”, optou-se por transferir a grávida.
“Do ponto de vista científico, está mais do que demonstrado que as hipóteses de sobrevivência e de sobreviver sem sequelas são muito superiores quando os bebés nascem no sítio que vão ser recebidos, do que quando são transferidos após o nascimento”, explicou.
Antes da transferência, a grávida encontrava-se “estável” e “com a medicação necessária para evitar complicações de uma pré-eclâmpsia”, sendo que a paragem cardiorrespiratória não era algo “previsível ou expectável nesta situação”.
Questionada sobre o que faltava no Hospital de Santa Maria para poder ali ser efetuado o parto, Luísa Pinto explicou que a falta de vagas no Serviço de Neonatologia “não é uma situação inédita” e no dia em que a grávida deu entrada na unidade hospitalar havia uma outra grávida de gémeos de 31 semanas “que precisavam de nascer”. “Uma vez que havia duas vagas disponíveis, optou-se por manter a grávida de gémeos no serviço e transferir a outra grávida, uma vez que se encontrava estável”, disse.
“A equipa estava completa. Esta situação não tem nada a ver com as contingências de que tanto se fala agora nos meses de verão. É algo que pontualmente vai ocorrendo ao longo do ano e é sempre melhor para o bebé que nasça no sítio onde vai ser tratado do que ser transferido posteriormente, daí a decisão de transferir esta grávida”, acrescentou ainda.
Sobre se o caso poderia ter sido evitado, a responsável frisou que: "Do que sabemos até agora, a conduta clínica não tem nada a apontar. A grávida foi estabilizada e só depois é que foi transferida. Foi transferida com a terapêutica que tinha de ter em curso e foi acompanhada por um médico. Foi uma situação completamente inesperada".
Sublinhe-se que uma mulher de 34 anos morreu no sábado após sofrer uma paragem cardiorrespiratória durante uma transferência de ambulância do Hospital de Santa Maria para o Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa.
O bebé nasceu com 772 gramas, sendo encaminhado para "unidade de cuidados intensivos neonatais por prematuridade".
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