Marta Temido? "Teria sido melhor não ter continuado" no novo Governo

O médico Álvaro Beleza considera que, "do ponto de vista pessoal", teria sido melhor para a ministra da Saúde demissionária "não ter continuado quando o Governo iniciou posse a seguir à vitória eleitoral".

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© REINALDO RODRIGUES/Global Imagens

Márcia Guímaro Rodrigues
31/08/2022 23:38 ‧ 31/08/2022 por Márcia Guímaro Rodrigues

País

Álvaro Beleza

O presidente da SEDES – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, Álvaro Beleza, considerou esta quarta-feira que a ministra da Saúde, Marta Temido, “não devia ter continuado” no cargo quando o atual Governo tomou posse, após vencer as legislativas de janeiro.

“Teria sido melhor não ter continuado quando o Governo iniciou posse a seguir à vitória eleitoral”, considerou na ‘Grande Entrevista’, da RTP3, quando questionado acerca de declarações proferidas no início de agosto. “Tinha acabado este período da pandemia - e bem - e era a ministra mais popular do Governo e, porventura, para ela, do ponto de vista pessoal, tinha sido a decisão mais inteligente”, acrescentou.

Na ótica do socialista, a pasta da Saúde - a par com a liderança da oposição - é dos “lugares mais difíceis da política que existem”, motivo pelo qual se deve “agradecer” a Marta Temido, “por ter sido ministra nomeadamente numa altura tão difícil” com a pandemia de Covid-19 e o “desgaste que isso teve na sua vida pessoal e familiar”.

Para o também professor universitário e diretor do Serviço de Sangue do Hospital de Santa Maria, é agora altura de “enfrentar os problemas da Saúde”, uma vez que o Serviço Nacional de Saúde (SNS), à semelhança de “todos os sistemas de Saúde mundiais”, passou “por grandes dificuldades”. “É evidente que a seguir a uma pandemia, haveria problemas a acrescentar aos problemas que já existiam e existem sempre nos sistemas de Saúde”, afirmou.

“O que é preciso agora é paz. Paz, tranquilidade e que o próximo responsável ou a próxima responsável da pasta possa fazer o que é preciso fazer para colocar o Serviço Nacional de Saúde com força e com o dinamismo que é necessário”, acrescentou ainda.

A ministra da Saúde demitiu-se na madrugada de terça-feira, alegando não “ter condições para se manter no cargo”. O pedido de demissão foi aceite pelo primeiro-ministro, António Costa, que afirmou “respeitar a decisão” da ministra demissionária e agradeceu “todo o trabalho desenvolvido” por Marta Temido, “muito em especial no período excecional do combate à pandemia da Covid-19”.

A demissão da ministra surgiu horas após a notícia da morte de uma grávida durante uma transferência entre o Hospital de Santa Maria e o Hospital de São Francisco Xavier, ambos em Lisboa. Em conferência, António Costa admitiu que a morte pode ter sido a “gota de água” para Marta Temido.

Leia Também: Marcelo recusa comentar demissão e quer gestão do SNS "mais autónoma"

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