Segundo Catarina Martins, o que aconteceu este verão no Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) "foi um verdadeiro desastre", não só para as pessoas que vivem e trabalham na zona, mas, do ponto de vista ambiental, foi também "um desastre enorme" para o país.
"E era muito importante agir já. Porque, em 2017 vários relatórios foram feitos sobre intervenções urgentes e onde já se falava do perigo de acontecer alguma coisa com o PNSE. E as recomendações dos técnicos foram feitas, mas depois, o Governo, não fez nada", disse.
A coordenadora do BE falava aos jornalista no mercado do Fundão, no distrito de Castelo Branco, onde contactou com produtores locais e ouviu preocupações sobre o aumento da inflação e do impacto desta na sua atividade e no preço dos produtos.
"E portanto, para lá de nós precisarmos que os apoios cheguem rapidamente às pessoas agora, é também preciso intervir já no território (...), não [para] reconstruir o que foi perdido, isso não será possível, mas, pelo menos, para reduzir o máximo que podemos o enorme estrago destes incêndios. E essa ação é urgente. E, na verdade, sobre isso, também ainda não ouvimos nada", afirmou.
Na opinião de Catarina Martins, era importante que os apoios "chegassem verdadeiramente a quem deles necessita".
"Isso era extraordinário. Nós temos tido experiências de apoios após apoios, em que as condições burocráticas, administrativas, excluem boa parte das pessoas que precisam deles", concluiu a dirigente nacional do BE.
A serra da Estrela foi afetada por um incêndio que deflagrou em 06 de agosto em Garrocho, no concelho da Covilhã (distrito de Castelo Branco) e que foi dado como dominado no dia 13. O fogo sofreu uma reativação no dia 15 e foi considerado novamente dominado em 17 do mesmo mês, à noite.
As chamas estenderam-se ao distrito da Guarda, nos municípios de Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira, e atingiram ainda o concelho de Belmonte, no distrito de Castelo Branco.
No dia 25, o Governo aprovou a declaração de situação de calamidade para o PNSE, afetado desde julho por fogos, conforme pedido pelos autarcas dos territórios atingidos.
A situação de calamidade foi já publicada em Diário da República e vai vigorar pelo período de um ano, para "efeitos de reposição da normalidade na respetiva área geográfica".
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