Segundo o MAI, a constituição deste painel de peritos, que reúne 30 personalidades provenientes de vários centros de investigação do país, resulta "da necessidade de analisar a particular severidade e complexidade de alguns incêndios deste ano, que exigiram um acionamento excecional de meios de resposta".
"Não obstante a taxa de sucesso da intervenção em ataque inicial situar-se nos 90% e de cerca de 80% dos incêndios rurais não apresentarem uma área ardida superior a um hectare, o facto de algumas das ocorrências terem tido uma duração pouco habitual, com impactos significativos no património natural e florestal, bem como em bens e infraestruturas, levou o Governo a definir um modelo de avaliação que tem como principal objetivo retirar lições e preparar os próximos anos", refere o MAI.
A análise dos principais incêndios deste ano está a cargo da subcomissão de lições aprendidas da Comissão Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais, que integra a orgânica da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), liderada por Tiago Oliveira.
Segundo o Ministério tutelado por José Luís Carneiro, o painel de peritos vai contribuir para o processo de lições aprendidas.
Tiago Oliveira disse à Lusa que a subcomissão já começou a trabalhar, tendo escolhido um conjunto de incêndios que deflagram este ano para os analisar, observar os problemas e otimizar as melhorias que possam ser introduzidas.
O presidente da AGIF referiu que os peritos vão dar os seus contributos à subcomissão e o relatório final contará com a análise feita pelo painel de especialistas e pela subcomissão que funciona no seio da AGIF desde abril.
Os critérios de funcionamento desta comissão obedecem a conceitos criados pela NATO.
O último relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) avança que o ano de 2022 apresenta, até ao dia 31 de agosto, o sexto valor mais elevado em número de incêndios e o quarto valor mais elevado de área ardida desde 2012.
Segundo o ICNF, entre 01 de janeiro e 31 de agosto, ocorreram 9.701 incêndios rurais que resultaram em 106.639 hectares (há) de área ardida, entre povoamentos (54.328 ha), matos (42.367 ha) e agricultura (9.944 ha).
Os dados mostram que os anos com mais área ardida na última década, até 31 de agosto, foram 2017 (236.485 hectares), 2013 (130.393) e 2016 (128.515).
Por sua vez, os anos com maior número de fogos foram 2012 (19.071), 2013 (16.114), 2015 (16.034), 2017 (14.344) e 2016 (10.942).
O maior incêndio até à data foi o que começou a 06 de agosto no concelho da Covilhã e que atingiu a zona da Serra da Estrela ao longo de 11 dias, tendo consumido 24.334 hectares de floresta, seguido do fogo no concelho de Murça (Vila Real) que em julho provocou 7.184 hectares de área ardida.
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