"Acabou o tempo de intromissão política do Governo [Regional] na gestão da SATA que, aliás, foi de péssimos resultados", afirmou José Manuel Bolieiro aos jornalistas, quando questionado pela posição do presidente da Associação de Hotelaria de Portugal que defendeu a entrada da Madeira no capital social da SATA.
O líder do executivo dos Açores, que falava à margem de uma cerimónia na ilha do Corvo, integrada na visita estatutária à ilha, assegurou que a alienação da Azores Airlines (companhia do grupo SATA responsável pelo transporte para o exterior do arquipélago), prevista para 2023, vai decorrer de acordo com as "regras do mercado".
"Todos os que vêm por bem são bem-vindos. Mas haverá uma comissão técnica, haverá lançamento para o mercado e haverá um júri que fará avaliação das melhores propostas. São as regras do mercado. Acabou o tempo de intromissão política do governo", reforçou.
Bolieiro, que na quinta-feira anunciou que vai indigitar o atual presidente da SATA, Luís Rodrigues, para futuro presidente da 'holding', Bolieiro defendeu a "importância" de dar "estabilidade de gestão" ao grupo SATA.
Em declarações à Antena 1/Açores, Bernardo Trindade, que foi secretário de estado do Turismo, defendeu a entrada da Região Autónoma da Madeira no capital social da SATA.
"Pessoalmente, como empreendedor, entendo que hoje estão criadas as condições para que numa abertura de capital possa ter a Região Autónoma da Madeira, juntamente com a Região Autónoma dos Açores, a servirem, com uma empresa mais musculada financeiramente, um todo internacional", afirmou o líder da AHP.
Em novembro, durante a discussão do Orçamento para 2023, o executivo açoriano anunciou que a reestruturação societária da SATA vai ficar concluída no início de dezembro e o concurso público para a privatização de 51% da Azores Airlines vai arrancar em 01 de janeiro de 2023.
A Comissão Europeia aprovou em junho uma ajuda estatal portuguesa para apoio à reestruturação da companhia aérea açoriana, de 453,25 milhões de euros em empréstimos e garantias estatais.
A verba aprovada divide-se em empréstimos diretos de 144,5 milhões de euros e assunção de dívida de 173,8 milhões de euros, num total de 318,25 milhões de euros a converter em capital próprio, e em garantias estatais de 135 milhões de euros concedidas até 2028 para financiamento facultado por bancos e outras instituições financeiras.
As dificuldades financeiras da SATA perduram desde pelo menos 2014, altura em que a companhia aérea detida na totalidade pelo Governo Regional dos Açores começou a registar prejuízos, agravados pelos efeitos da pandemia de covid-19, que teve um enorme impacto no setor da aviação.
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