O grupo de sete portugueses retidos no Peru, devido aos conflitos associados à destituição do presidente do país, acusam a embaixada portuguesa e o ministério dos Negócios Estrangeiros de não os ajudar.
"A embaixada foi informada de cada passo que nós demos, no entanto, até ao momento, não tivemos qualquer tipo de ajuda eficaz por parte da embaixada [...]. Já entramos em contacto com o ministério dos Negócios Estrangeiros que também, até ao momento, não revelou qualquer tipo de eficácia", atirou Francisco Rodrigues, em entrevista à TVI.
Uma opinião partilhada pela colega Rita Matos. "Nós estamos desesperados e sem saber o que fazer, qual o nosso próximo passo, porque o nosso passo neste momento devia ser esperar por ordens da embaixada , algum plano da embaixada para chegar até nós e tirar-nos daqui", realçou a jovem.
Horas antes, Rita Matos já tinha denunciado a situação no Instagram. Numa publicação partilhada na sua página, começou por contar que o grupo de sete portugueses retidos no Peru são jovens médicos, prestes a entrar no Serviço Nacional de Saúde, que decidiram passar umas férias no país, antes dos conflitos se instalarem.
Durante uma viagem de autocarro, "viram-se barrados numa autoestrada durante mais de 50 horas" e sob ameaças. Posteriormente, perante a inação das "autoridades portuguesas competentes", conseguiram "pelos seus próprios meios" apanhar um veículo que os levou a Arequipa.
Apesar disso, Rita garante que, nem aqui, "nenhuma das entidades assume uma posição de ação ou intervenção". "Cada uma delas sacode a água do seu capote", atira a jovem.
Perante isso, a médica questiona: "Que Estado é este que, numa situação de crise, não cuida e protege os seus cidadãos? [...] Será que temos de esperar que outro estado europeu faça algo útil e ir a reboque?".
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O Notícias ao Minuto tentou entrar em contacto com a embaixada portuguesa no Peru mas, até ao momento, não obteve qualquer resposta.
Já o ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) garantiu que está a acompanhar o caso, através da embaixada de Portugal no Peru e que esta "tem realizado todas as diligências possíveis junto das autoridades peruanas e mantido contactos com os portugueses e respetivas famílias, tendo em vista a sua saída, em segurança, do país".
"Uma vez que existem outros cidadãos comunitários no Peru, em idêntica situação, está em curso a articulação com os representantes diplomáticos dos demais países da União Europeia no Peru, bem como com o Delegado da União Europeia", esclareceu ainda o gabinete de João Gomes Cravinho.
Na mesma nota, enviada ao Notícias ao Minuto, o MNE afiança que "os portugueses que se encontram, neste momento, no Peru estão em segurança, com o acompanhamento e apoio da embaixada em Lima, até à reabertura dos aeroportos, para poderem viajar e sair do país de forma segura".
Enquanto isso, os sete jovens aguardam num hotel por novas indicações.
Recorde-se que o Peru está em estado de emergência depois de uma tentativa de golpe de estado e dos protestos associados à destituição do presidente peruano terem fechado estradas e aeroportos.
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