Na reunião deste órgão deliberativo do município, o deputado municipal do Aliança, Jorge Nuno de Sá, propôs ainda recomendar à Câmara de Lisboa "a instalação de um sistema de aviso à população por SMS, de âmbito concelhio, que possa ser usado pelo SMPC [Serviço Municipal de Proteção Civil] em tempo real para fornecer informação sobre fenómenos de risco extremo ou acidentes graves, bem como sobre as medidas de autoproteção a adotar".
Essa recomendação foi rejeitada, com os votos contra de PS, PCP e PEV, a abstenção de PSD, BE, Livre, MPT, Chega e deputados independentes do Cidadãos por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre) e os votos a favor de PAN, Iniciativa Liberal (IL), PPM, Aliança e CDS-PP.
Por unanimidade, os deputados municipais viabilização a proposta do Aliança para "recomendar à Câmara Municipal de Lisboa a instalação de sistemas de controlo de acesso aos túneis rodoviários do concelho onde haja risco de alagamento, com base no histórico de ocorrências nesses locais, os quais deverão ser acionados de forma automatizada em função da parametrização de risco definida pelo Serviço Municipal de Proteção Civil".
Antes da votação dessa recomendação, o deputado municipal do Aliança fez uma alteração à redação inicial da proposta, eliminando a indicação de que esses sistemas de controlo poderiam ser "através de semáforos e cancelas" nas entradas dos túneis.
Durante a discussão das propostas, Duarte Marçal, do PS, considerou que a recomendação do Aliança para a instalação de um sistema de aviso à população pretende "encobrir as responsabilidades do executivo que suporta", da coligação 'Novos Tempos' (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), enquanto Natacha Amaro, do PCP, justificou o voto contra por considerar que a proposta significaria uma duplicação ao que existe a nível nacional.
As recentes intempéries em Lisboa dominaram o debate de declarações políticas, com o grupo municipal do PS a criticar o "desnorte político" do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), na coordenação da resposta às chuvas fortes e persistentes, porque "vestiu as galochas, esteve no terreno e fez o seu número mediático, mas não coordenou os serviços".
O socialista Duarte Marçal realçou, ainda, o papel do PS no Plano Geral de Drenagem de Lisboa (PGDL), que foi "quem retirou da gaveta" e iniciou a obra, inclusive com a construção de bacias de retenção.
Luís Newton, do PSD, disse que, "com matéria de desastres naturais, desgraça alheia, não se deve fazer política" e afirmou que "o PGDL é António Carmona Rodrigues, não é Partido Socialista, não é António Costa, não é Fernando Medina", referindo que a primeira intervenção do PS foi cancelar o PGDL em 2008.
Em resposta, o líder do grupo municipal do PS, Manuel Lage, confirmou que o plano foi suspenso em 2008, porque "havia falta de verbas", responsabilizando o PSD pelo estado das finanças do município nessa altura e indicando que, em 2015, foi possível recuperar e apresentar o PGDL.
Da parte do grupo municipal do Chega, Bruno Mascarenhas criticou o tempo gasto a "discutir quem é o pai da criança" do PGDL, considerando que o plano é herança do PS e do PSD, e apontou que, em relação às recentes intempéries na cidade, "nem tudo foi feito para precaver o que aconteceu".
Em representação da Câmara de Lisboa, o vice-presidente do executivo, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), assegurou que as respostas ao mau tempo "correram bem", entendendo que, por causa desse mesmo balanço, o apelo de união partidária não seja acolhido e se façam críticas, "que acabam por ser injustas aos serviços, aos mesmos que elogiam pelo trabalho que fizeram".
Anacoreta Correia realçou que a cidade de Lisboa "saiu reforçada", após as recentes chuvas fortes e persistentes, que provocaram várias inundações, nomeadamente nos dias 07 e 08 de dezembro e na passada terça-feira, em que o volume de chuva foi equiparado a 1967, ano em que as cheias provocaram 700 mortes, enquanto nas últimas intempéries "não houve nenhuma vítima mortal em Lisboa, mas houve em Algés", no concelho de Oeiras, distrito de Lisboa.
Neste âmbito, os deputados municipais viabilizaram, por unanimidade, um voto de saudação, apresentado pelo PSD e subscrito também por MPT, CDS-PP, PPM e Aliança, a todos os serviços municipais e forças de segurança da cidade de Lisboa, nomeadamente proteção civil, bombeiros, polícia, INEM e serviço de higiene urbana, assim como às 24 juntas de freguesia, que se prontificaram a ajudar na resposta às ocorrências registadas devido ao mau tempo.
A chuva intensa e persistente que caiu na terça-feira causou mais de 3.000 ocorrências, entre alagamentos, inundações, quedas de árvores e cortes de estradas, afetando sobretudo os distritos de Lisboa, Setúbal, Portalegre e Santarém.
[Notícia atualizada às 22h03]
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